O território dos Estados Unidos da América encolheu drasticamente no novo mapa mundo de referência nas escolas de Boston. Toda a América do Norte e também a Europa deixam de sobressair no planisfério, como acontecia até agora, para se destacarem o continente africano e o hemisfério sul. Até parece que estes ficaram maiores, mas é apenas uma mudança de paradigma no sistema de ensino, para uma representação plana da Terra mais aproximada da real dimensão dos países e continentes – muito diferente da que está mais enraizada, há quase 500 anos, no mundo ocidental.
Criada em 1569 pelo geógrafo e cartógrafo belga Gerardo Mercator para ajudar os navegadores, a projeção de Mercator domina ainda hoje os mapa mundos que aparecem nos manuais escolares nos Estados Unidos e na Europa, Portugal incluído. Tem o mérito de representar países e continentes com contornos realistas, mas é criticada há séculos pela exagerada distorção das áreas, sobretudo à medida que nos aproximamos dos polos, como a VISÃO exemplificou com várias imagens neste artigo (clique aqui). A Rússia ocupa o equivalente a metade do território de África e não o dobro, por exemplo, ao contrário do que sugere o mapa mundo mais popular.
Nenhuma representação plana da Terra pode ser fiel à realidade como a de um globo, dada a impossibilidade matemática de representar daquela forma a esfera terrestre, mas as escolas do distrito de Boston decidiram agora privilegiar a projeção Gall-Peters. Os professores justificam a mudança de mapa mundo de referência com a necessidade de tornar mais realista a perceção do tamanho dos países africanos, onde muitos alunos deste distrito americano do estado do Massachusetts têm as suas raízes.
Apesar de distorcer-lhes o formato, a projeção Gall-Peters mostra uma dimensão mais real dos países e continentes e uma proporção mais fidedigna entre eles. É assim batizada por ter sido apresentada, em 1973, pelo historiador alemão Arno Peters, tendo sido mais tarde descoberta uma representação igual, datada do século XIX, da autoria do cartógrafo escocês James Gall.