Erving Botaka-Yobama tem 19 anos. Nasceu e vive na Rússia e os seus pais são de origem congolesa. Na semana passada, assinou um contrato para jogar no Torpedo Moscow, uma equipa de futebol da terceira divisão.
Tinham passado apenas seis dias quando o presidente terminou o contrato com o rapaz e muitos dizem que foi devido à cor da sua pele.
O racismo de alguns fãs da equipa foi visível. “Pode haver preto nas cores da nossa equipa, mas só há branco nas nossas fileiras de adeptos”, escreveu um grupo chamado Zapad-5 Ultras na VK, uma rede social russa. Segundo o inglês The Sun, um outro grupo ameaçou o jogador: “Já que consideras aceitável entrar na nossa família e na nossa casa sem olhares para as nossas tradições e regras, reservamo-nos o mesmo direito… Vamos ver quem ganha.”
Assim, uma semana depois, o dono do clube acabou por cancelar o contrato com o jogador por, segundo dizem os críticos, sentir-se ameaçado pelos adeptos, embora este diga que foi apenas porque o clube anterior pediu dinheiro pela transferência. “Não há critérios de cor de pele”, disse, “nunca notámos e nem vamos notar isso”.
Certo é que não é a primeira vez que acontece um caso semelhante de racismo. Em 2014, um grupo de fãs dos Torpedo foi acusado de imitar os sons dos macacos sempre que um jogador negro da equipa contrária pegava na bola.
O sindicato dos jogadores já condenou a atitude dos “ultras” do clube. “Houve algumas mudanças de atitude depois do Mundial [deste ano], mas ainda existe um grupo de idiotas”, referiu o dirigente Alexander Zotov.