Duas vezes distinguido pelo mais prestigiado prémio de fotojornalismo mundial, Mário Cruz tem muito o que contar. Fotorepórter de causas, o português fez-nos olhar para os meninos escravos Talibés, no Senegal (crianças encerradas em supostas madraças dedicadas a estudar o Corão que acabavam a pedir nas ruas), num preto e branco sem equívocos – trabalho que lhe valeu o prémio na categoria Temas Contemporâneos do World Press Photo 2016.
Este ano, o galardão internacional distinguiu novamente uma reportagem sua realizada em Manila: Living Among What’s Left Behind (Vivendo entre o que foi deixado para trás) revela a chocante realidade por ele encontrada no Pasig, rio considerado como “biologicamente morto”, que é a casa e o meio de sobrevivência de milhões de filipinos, que aí recolhem lixo e plásticos – um portefólio que mereceu o terceiro lugar na categoria Ambiente do WPP.
Mário Cruz, 32 anos, assume-se como um profissional independente focado na injustiça social e nos direitos humanos. Filho de um fotógrafo, cedo escolheu também a fotografia e o jornalismo como caminho. Estudou no Cenjor, é colaborador da Lusa, e tem dois livros publicados – Talibes Modern Day Slaves (FotoEvidence, 2016) e Living Among What’s Left Behind (Nomad/FotoEvidence, 2019). O seu primeiro projeto, Cegueira Recente, venceu o Prémio Fotojornalismo Estação Imagem Mora 2014. Em 2015, foi selecionado para o 30 Under 30, concurso da agência Magnum dedicado a jornalistas sub-30 anos, com o projeto Roof, reportagem sobre os sem abrigo encontrados em casas devolutas em Lisboa.
Este sábado, dia 27, às 16h30, numa sessão aberta gratuitamente ao público, Mário Cruz vai falar sobre um tema que lhe é caro: Como a fotografia desperta consciências, inaugura o programa de conversas e ralis sobre fotografia, organizados pela VISÃO em parceria com a Fundação Galp. O encontro terá lugar no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, no Princípe Real, onde estarão patentes igualmente as exposições com o melhor do fotojornalismo mundial. Há muito para ouvir, ver e pensar. Conheça o programa:
PROGRAMA
CONVERSAS E RALIS SOBRE FOTOGRAFIA
Organizados pela VISÃO em parceria com Fundação GALP
27 DE ABRIL
16H30 TALK – Como a fotografia desperta consciências, com Mário Cruz. O fotojornalista foi duas vezes consagrado com um prémio no World Press Photo, ganhando este ano o terceiro lugar na categoria de Ambiente.
04 DE MAIO
15H30 TALK – O olhar do fotojornalista, com Luís Barra, fotojornalista da VISÃO.
17H RALI FOTOGRÁFICO – Exercícios com máquinas fotográficas no Jardim Botânico e escolha de fotografias, com Luís Barra, fotojornalista da VISÃO.
11 DE MAIO
15H30 TALK – A fotografia de Natureza, com Nuno Sá. O fotógrafo e videógrafo, consagrado com um BAFTA, é considerado um dos melhores do mundo em vida marinha selvagem.
17H RALI FOTOGRÁFICO – Exercícios com máquinas fotográficas no Jardim Botânico e escolha de fotografias, com Isabel Saldanha. ISabel Saldanha, mediática fotógrafa, bloguer e escritora.
19 DE MAIO
15H30 TALK – A arte do retrato, com Arlindo Camacho, colaborador da VISÃO e PRIMA.
17H RALI FOTOGRÁFICO – Exercícios com máquinas fotográficas no Jardim Botânico e treino de retrato, com Arlindo Camacho.
WORKSHOPS DE FOTOGRAFIA COM TELEMÓVEL
Organizados pela VISÃO em parceria com Samsung Galaxy
28 DE ABRIL, 05 MAIO, 12 MAIO, 19 MAIO
15H30 WORKSHOP – Técnicas de fotografia com smartphone, com Gonçalo F. Santos.