“Como é que eu nunca pensei nisto?” Ou: “Como é que alguém pensou nisto?” Ou ainda: “Eu já tinha pensado nisto mas nunca pensei que fosse possível.” Pode ser que um destes pensamentos passe pela sua cabeça quando conhecer as cinco empresas ou soluções que se seguem. Estiveram por estes dias na Web Summit à procura de visibilidade e financiamento para o seu negócio. Em muitos casos com propostas que nos levam a coçar a cabeça.
Bravo, Ambrósio
Serviços como Uber, Bolt ou Kapten vão buscar-nos onde estamos e levam-nos onde queremos, e ir de táxi, usar o carsharing ou o carpooling também são formas de fazer esse caminho. Mas pouco usual é contratar alguém para conduzir o nosso próprio carro, como um valet em andamento. É o que a GetDriven procura fazer, pondo em contacto clientes e motoristas. Quem quiser usar o serviço tem de escolher o condutor pretendido entre os candidatos. O motorista irá ter com o cliente que, depois, se deixa guiar na sua própria viatura. A empresa foi fundada em 2015 na Bélgica por Gunther Ghysels e, segundo o site da empresa, tem 380 motoristas registados (que a empresa garante serem de confiança), 2100 clientes e já realizou 26 mil deslocações, entre viagens de negócios, encontros, diversão e eventos.
Chama o guarda-costas
Hoje é um exclusivo dos ricos e famosos, mas a 1eyeonyou propõe-se democratizar o acesso a seguranças e guarda-costas. Como? Através de uma app, já em funcionamento em Paris, São Petersburgo e Los Angeles e que no início do ano que vem se deverá expandir a Miami, a tempo do SuperBowl. “Tivemos a ideia há dois anos. Muitas pessoas envolvem-se em problemas porque não planearam sair ou proteger a sua casa e família e negócios,” explica Julien Crozet, o CEO. Com a app, o cliente pode requisitar um segurança em qualquer lado, escolhendo através de um perfil com fotografia o tipo de guarda-costas que quer. O serviço custa 35 euros por hora e estão na Web Summit à procura de financiamento para aumentar a atual base de guarda-costas (300, segundo diz), suportar as despesas com a verificação do registo criminal e seguros e tornar a aplicação acessível a todos. A abordagem pode ser pouco ortodoxa: “Se as suas crianças tiverem um problema na escola, pode enviar o “Tio” Thomas [diz, enquanto aponta um segurança musculado que, entretanto, se colocou ao lado do stand] que vai levar as crianças. E os colegas vão perceber que nunca mais vão fazer bullying àquela criança,” descreve.
Ajuda nas buscas
É outra aplicação ligada a segurança e que pode dar uma ajuda preciosa em caso de emergência. A To The Rescue, desenvolvida pela empresa letã Chili Labs, permite coordenar no local a realização de buscas por pessoas desaparecidas a partir do momento em que é dado o alerta. Através de um mapa em tempo real consegue saber-se onde está (ou por onde já passou) cada elemento da equipa e detetar as zonas que ainda não foram exploradas ou verificadas. É ainda possível a integração com drones e com os sistemas usados pelas autoridades locais (polícia ou bombeiros, por exemplo). Igor Nemenonok, CEO da “plataforma global que salva vidas,” diz que já foi possível localizar 12 pessoas que tinham desaparecido graças a esta solução.
Quando tem de ser, tem de ser
“Encontrar uma casa de banho é tããão chato. Foi assim que comecei este negócio. Queremos torná-lo muito divertido porque é chato.” Stefan George exprime-se com vivacidade perante o pequeno grupo que se junta frente ao seu stand enquanto explica o conceito associado ao WeeWeeFree, a app para os momentos de aflição. “Uma casa de banho no bolso” que permite, com recurso ao smartphone, localizar os sanitários públicos mais próximos, por entre mais de 180 mil locais nos EUA e no mundo. A empresa está a desenvolver um outro serviço, que compara ao Uber: uma casa de banho ambulante, instalada numa carrinha que pode chamar até si quando à volta não há nada mais próximo. O protótipo já existe e Stefan George espera que se torne uma realidade nas ruas de Nova Iorque em março próximo.
Apertar o Piipee
Ezequiel Vedana da Rosa admite, por entre risos: “Não é comum falar de xixi na Web Summit!” Bem, este ano até foi. E empreendedor brasileiro veio a Lisboa para falar disso e do negócio que criou à sua volta. A startup que fundou, a Piipee, desenvolveu um produto para economizar a água em urinóis e sanitas. Um aditivo feito à base de “extratos naturais de árvores e plantas e soft chemicals, que não agride o ambiente nem os animais e é mais barato do que uma descarga de água” descreve. Há quatro anos que vende o produto no Brasil para mais de 1400 clientes, essencialmente grandes empresas como a Braskem, Petrobras ou Ambev. No ano passado faturou quase meio milhão de reais (110 mil euros). Com parcerias no México e na África do sul, o objetivo é, no ano que vem, entrar no mercado residencial. “É só xixi? Não acione a descarga. Aperte o Piipee,” é o lema inscrito nos dispositivos da empresa.