Um estudo da Universidade de Saúde Pública Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, comparou os hábitos alimentares e o funcionamento pulmonar de 650 adultos em 2002 e repetiu o processo dez anos mais tarde, em 2012, com os mesmos testes e os mesmos participantes. Os investigadores concluíram que os adultos que comiam dois tomates e três ou mais maçãs por dia registavam um declínio da função pulmonar mais lento que os participantes que apenas comiam uma porção de cada diariamente, o que sugere a possibilidade de reverter danos nos pulmões mesmo que estes tenham sido causados pelo tabaco.
Além destes testes, os 650 intervenientes tinham ainda de responder a questionários sobre a dieta que levavam e sobre ingestão nutricional. Os participantes, oriundos da Alemanha, Noruega e Reino Unido, foram também submetidos a uma espirometria, exame da função pulmonar que mede o volume de ar inspirado e expirado num determinado período de tempo com o objetivo de descobrir a capacidade dos pulmões de absorver oxigénio. O estudo, publicado no European Respiratory Journal teve ainda em conta fatores como idade, altura, sexo, índice de massa corporal, escalão socioeconómico, atividade física e consumo total de energia.
Os investigadores procuraram os mesmos resultados em pratos e alimentos processados que incluem frutas e vegetais, mas o efeito só foi visível nos alimentos frescos. Vanessa Garcia-Larsen, autora do estudo e professora assistente no Departamento de Saúde Internacional da universidade, diz que “este estudo mostra que a dieta pode ajudar a reparar os danos pulmonares em pessoas que pararam de fumar. Também sugere que uma dieta rica em frutas pode retardar o processo de envelhecimento natural do pulmão mesmo para quem nunca fumou” e acrescenta ainda que “estas descobertas sustentam a necessidade de acompanhamento nutricional, especialmente para pessoas com risco de desenvolver doenças respiratórias como a DPOC”. A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é caracterizada pela diminuição prolongada do calibre das vias aéreas respiratórias e destruição do tecido pulmon e agrava-se com o decorrer do tempo – partir de determinado momento começam a verificar-se dificuldades em realizar atividades simples do dia-a-dia, como subir escadas.
A ligação entre uma dieta rica em vegetais e fruta fresca e um declínio mais lento da função pulmonar foi ainda mais visível entre os antigos fumadores. Os ex-fumadores que comiam uma dieta rica em tomates e frutas apresentaram menor declínio ao longo do período de 10 anos. Isso sugere que os nutrientes nas suas dietas ajudam a reparar os danos causados pelo tabagismo. Garcia-Larsen realça que “a função pulmonar começa a diminuir por volta dos 30 anos de idade a velocidade variável, dependendo da saúde geral e específica dos indivíduos” mas que “este estudo sugere que comer mais frutas diária e regularmente pode ajudar a atenuar o declínio da função pulmonar à medida que as pessoas envelhecem e pode até ajudar a reparar danos causados pelo tabagismo. A dieta pode assim tornar-se uma maneira de combater o aumento do diagnóstico de DPOC em todo o mundo”.
Este estudo faz parte da investigação Ageing Lungs in the European Cohorts.