A ciência explica porque gostamos tanto de beijos de língua (apesar de ser "nojento")
13.10.2017 às 10h29
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Quando achamos uma pessoa atraente, o nosso primeiro pensamento nunca é o de lhe pedir a escova de dentes emprestada. Dar um beijo de língua não é muito diferente...
Se pensar bem no assunto, não existe nada de atraente em lamber o interior da boca de outra pessoa - que é como quem diz, dar beijos de língua. Mas então, porque razão o fazemos?
Tal como muitos outros comportamentos bizarros intrínsecos aos humanos, os beijos de língua estão associados à evolução. Beijar é, como explica Fulvio D'Acquisto, professor de imunologia da Universidade de Roehampton, Reino Unido, "um ato emocional que nos permite identificar o parceiro mais compatível e 'evolutivamente vantajoso'".
"Os seres humanos não têm habilidades olfativas muito fortes, e beijar permite cheirar e provar uma pessoa para ver se os dois têm respostas imunitárias diferentes - tendemos a sentir-nos mais atraídos por alguém com uma resposta imunitária diferente", acrescenta Sarah Johns, especialista em reprodução humana e psicologia evolutiva na Universidade de Kent.
Numa perspetiva evolucionista, se um casal com respostas imunitárias diferentes se reproduzir, o seu filho terá um sistema imunitário mais desenvolvido, algo que era muito importante para a sobrevivência antes da invenção da medicina moderna.
"O complexo principal de histocompatibilidade [um conjunto de genes responsável pela auto-imunidade] é detetável através do odor corporal, então beijar e provar alguém dá-nos a oportunidade de avaliar o quão bioquimicamente semelhante ou diferente o outro indivíduo é de nós proprios", explica Johns. Tal favorece a reprodução de individuos "compatíveis" e, consequentemente, a continuação da espécie.
Um outro motivo que explica o gosto humano por beijos de língua é a excitação sexual que induz. "A ciência mostra que a excitação sexual diminui o sentimento de repulsa" - diz Johns.
Beijar alguém é também uma forma saudável de melhorar a nossa microbiota natural – ou seja, de trocar bactérias presentes na saliva com outra pessoa. Como pondera D’Aquisto, "é possível que o enriquecimento da própria microbiota através do beijo sirva para partilhar, testar e aumentar a habilidade do 'beijador' em enfrentar micróbios prejudiciais e, portanto, favorecer a propagação da espécie".
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