A percentagem de participantes no estudo conduzido pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, que admitiu ter um segredo é esmagadora: 96 por cento. Infidelidade emocional e comportamentos sexuais revelaram-se segredos recorrentes.
Os investigadores distribuiram inquéritos a 2 mil voluntários e um questionário extra a 600 pessoas, pedindo-lhes que refletissem sobre a frequência com que tinham tido de esconder o seu segredo no último mês, por um lado, e por outro sobre a frequência com que tinham pensado nele, como por exemplo, pensar no/a amante enquanto esperava na fila do supermercado. Os resultados mostraram que os participantes pensavam no seu segredo o dobro das vezes das ocasiões em que tiveram verdadeiramente de o esconder. E só de pensar nele, os inquiridos relataram uma quebra no seu bem-estar, sentindo-se ansiosos e a duvidar da sua própria autenticidade.
Michael Slepian, co-autor do estudo, publicado no Journal of Personality and Social Psychology, explica, num artigo publicado no site da Universidade, que embora “as pessoas antecipem que de vez em quando vão ter de esconder os segredos”, não contam que “os seus segredos apareçam espontaneamente na sua cabeça” sem virem nada a propósito. “Este parece ser o verdadeiro incoveniente de manter segredos”, conclui o investigador.
Malia Manson, outra das autoras, acrescenta que o impacto se verifica a vários níveis, podendo mesmo afetar a carreira, no que classifica como uma “força gravitacional” que os segredos exercem sobre a nossa atenção. “Além de uma sensação de bem-estar diminuída e de consequências na saúde física, manter segredos também pode mudar o foco da atenção da pessoa da tarefa que tem em mãos, o que, claramente, tem um efeito negativo, no desempenho”, explica.
Do total de 13 mil segredos revelados na investigação, os cientistas identificaram 38 mais comuns e que têm essa tendência de invadir o pensamento, dos quais podem destacar-se o consumo de drogas e outros vícios, o roubo de alguma coisa, o envolvimento em atividades ilegais (sem contar com drogas e roubos), a auto-mutilação, a infidelidade emocional ou física, ter feito um aborto, uma experiência traumatizante ou ter mentido a alguém.