Ficar com dor de cabeça depois de um (ou mais que um) copo de vinho é algo que poderá já ter experienciado. Embora este fenómeno não afete toda a gente de igual forma, o mesmo pode ser explicado por uma má metabolização da histamina, uma substância naturalmente presente em qualquer vinho.
Com isto em mente, uma equipa de investigadores da Universidade Politécnica de Madrid criou um vinho sem histaminas. Para tal, recorreu à utilização de bactérias láticas provenientes das vinhas da adega Pago de Carraovejas, localizadas em Ribeira do Douro. Estes microrganismos têm a capacidade de separar de forma natural os grupos de bactérias produtoras de histamina, de modo a que esta substância não ocorra durante a fermentação do vinho.
A histamina é uma das aminas biogénicas – produto da ação de algumas bactérias sobre os aminoácidos – resultantes do processo de fermentação natural do vinho e é também uma substancia naturalmente ocorrente no corpo humano. Célia Costa, alergologista da Unidade Funcional de Alergias Alimentares do Hospital de Santa Maria, explica que “o vinho induz a libertação de histaminas e tiraminas no corpo”.
A esta observação, Nuno Borges, professor na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, acrescenta que “quando há uma reação alérgica, como uma picada da abelha, as células libertam histamina como forma de reação ao veneno da abelha, o que dá início ao processo inflamatório. A histamina que temos está muito bem regulada e só pode ser libertada em quantidades muito pequenas. Quando vem da alimentação, não precisamos dela para nada”.