Se adora café – ou mesmo descafeinado – as notícias não podiam ser melhores. Especialistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, juntaram-se a outros da Universidade de Edimburgo e analisaram um conjunto de estudos que envolviam cerca de 2,25 milhões de participantes. As conclusões sugem que um aumento do consumo de café ou descafeinado pode ajudar a prevenir o cancro do fígado.
Comparados com os participantes que não consumiram qualquer uma das bebidas, aqueles que consumiram uma chávena de café por dia mostraram ter um risco 20% menor de desenvolver carcinoma hepatocelular, o principal cancro primário do fígado.
Os que tomaram duas chávenas por dia viram essa mesma probabilidade ainda mais reduzida: 35% menos hipóteses de desenvolver a doença. Quanto aos que consumiram cerca de cinco chávenas por dia, o risco caiu para metade.
Os efeitos protetores do descafeinado, apesar de encontrados em menores quantidades e serem menos evidentes, foram animadores. “Pode ser importante ao assumir o café como uma intervenção ao nível do estilo de vida na doença crónica do fígado, uma vez que o descafeinado poderá ser mais aceitável para aqueles que não bebem café ou para os que limitam o seu consumo devido aos efeitos da cafeína”, referiram os autores do estudo, citados pelo The Guardian.
O responsável pela investigação da Universidade de Southampton acrescentou: “não queremos dizer que se deva começar a ingerir cinco chávenas de café por dia. Tem de haver mais investigação no que toca aos potenciais malefícios de elevados níveis de cafeína e sabe-se que esta deve ser evitada em certos grupos, como o das mulheres grávidas. Porém, as nossas descobertas são importantes na medida em que o carcinoma hepatocelular se alastra a nível global e tem um fraco prognóstico”.
“Mostrámos que o café reduz o risco de cirrose de cancro do fígado consoante a dose. Mas a bebida também foi associada a uma redução do risco de morte por várias outras causas. E a nossa pesquisa acrescentou as provas de que, em moderação, o café pode ser um excelente medicamento natural”, referiu um dos envolvidos no estudo, professor na Universidade de Edimburgo.
Os países mediterrânicos – como é o caso de Portugal – são historicamente associados a uma elevada mortalidade devido à cirrose em ambos os sexos. Contudo, têm sido registados progressos e um estudo publicado no Journal of Hepatology, em 2013, revelou uma forte diminuição destes valores.