No livro é contada a história do achigã Otávio e da ovelha Chica, que sofrem com a falta de água na albufeira de Vale Penedo, em Ponte de Sôr. O peixe bate nas pedras e vem parar às margens, porque a albufeira está a secar e a ovelha não tem água para matar a sede nem erva para comer. Entretanto, o achigã é salvo por uma família, que se torna protagonista do livro, e que vai perceber, com a ajuda de Otávio, que precisam de poupar água e explicar aos vizinhos como fazê-lo.
A ideia de escrever o livro já vem de trás. Começou com a participação no projeto «Ciência na Escola», da Fundação Ilídio Pinho. «O objetivo deste projeto era sensibilizar a comunidade educativa para a problemática da escassez de água, ensinar a poupar água e construir um reservatório que aproveitasse a água da chuva para os autoclismos», conta a professora Maria do Carmo Silva, que trabalhou com os alunos do 3º e 4º anos da Escola Básica de Galveias. Para construir o reservatório precisavam de angariar dinheiro e foi então que decidiram pôr mãos à obra e escrever esta história. Fizeram também os desenhos que, juntamente com algumas fotografias, a ilustram.
«Para escrever o livro partimos das vivências dos alunos. Eles vão à pesca com os pais, ajudam os pais e os avós nas hortas, participam nas festividades da aldeia e a missa [no livro é mencionada uma missa que se realiza sempre em tempos de seca] aconteceu mesmo: o problema da seca estava a afetar também os agricultores», explica a professora. Quando começaram o projeto, em 2017, Galveias passava por um período de seca extrema: «as albufeiras próximas estavam com pouquíssima água e pelos inquéritos que fizemos à população constatamos que se continua a desperdiçar muita água», descreve Maria do Carmo Silva.
Com esta experiência, tanto a população foi sensibilizada, como os alunos que o escreveram aprenderam mais sobre a escassez de água. Água-viva está agora disponível em todas as livrarias do país, integra o Plano Nacional de Leitura para 2027, «e, esperamos nós, irá incentivar mais pessoas a poupar água», refere a professora com orgulho. O livro tem também o prefácio do escritor José Luís Peixoto, natural de Galveias, que reconhece o trabalho destes alunos e alunas. «Dou os meus parabéns ao criadores desta bonita história, com tão necessário significado. Nasceu das vossas ideias e, a partir de agora, viverá também nas ideias dos outros. Nasceu num instante do vosso tempo e, a partir de agora, viverá para sempre», pode ler-se, nas primeiras páginas do Água-viva.