O atleta português Luís Gonçalves conquistou a medalha de bronze na prova dos 400 metros T12 (deficiência visual) dos Jogos Paralímpicos Rio2016, que decorrem no Brasil.
Luís Gonçalves, que é campeão mundial da distância, correu a final em 49,54 segundos, terminando atrás do chinês Qichao Sun (48,57), medalha de ouro, e do marroquino Mahdi Afri (49,00), que arrecadou a prata.
O atleta português, que representa o Sporting, já tinha conquistado a medalha de prata na mesma distância nos Jogos Paralímpicos Pequim em 2008.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou o atleta e deu-lhe os parabéns na página da Presidência da República na Internet: “Felicito muito efusivamente o atleta Luís Gonçalves pela conquista da medalha de bronze. Esta conquista é um enorme orgulho para todos os portugueses e enche-nos a todos de alegria. Muito obrigado e muitos parabéns!”.
Em criança, desenhava a pista com giz no chão e brincava aos Jogos Olímpicos com os amigos. Hoje, está na final de atletismo dos 400 metros nos verdadeiros Jogos Paralímpicos.
Luís Gonçalves nasceu na aldeia alentejana de Alagoa, em Portalegre. Desde sempre que era muito mexido, nunca conseguia estar quieto, e queria praticar todos os desportos!
O facto de ter nascido com uma doença rara chamada retinosquise (que faz com que uma parte dos olhos, chamada retina, se divida e diminua a visão) nunca o impediu de fazer nada. “Como nasci com este problema, já estou habituado. Para mim, isto é o ser normal, sempre vi o mundo assim”, explica Luís.
Fez natação, futsal, karaté, jiu jitsu e futebol, mas havia de ser no atletismo que iria conquistar o mundo. Quando tinha 18 anos, decidiu que era tempo de arranjar uma profissão e mudou-se para Lisboa, para começar o curso de auxiliar de fisioterapeuta e massagista.
Acabado de chegar à capital, perguntou a um colega se conhecia algum sítio onde as pessoas com deficiência visual pudessem praticar desporto. E foi assim que conheceu a Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, que ajuda as pessoas invisuais ou que estão aos poucos a perder a visão.
Começou a treinar lá três vezes por semana e, a partir daí, não demorou muito a tornar-se numa das maiores promessas paralímpicas portuguesas.
Correr sem ver
Hoje Luís tem 28 anos e é atleta do Sporting Clube de Portugal. Desde 2006, já venceu mais de uma dezena de campeonatos internacionais e ainda no ano passado foi campeão mundial de atletismo paralímpico, no Qatar.
Mas então e como é que uma pessoa pode correr (e, ainda por cima, ganhar tantas medalhas) sem conseguir ver por onde vai? Ora, é para isso mesmo que existem os atletas guias.
Os corredores de alta-competição, como Luís, que têm deficiências visuais podem ser acompanhados na pista por outros atletas que os ajudam a chegar até à meta, dando-lhes indicações das direções que devem seguir, através da fala ou do posicionamento do braço.
Os atletas são divididos em três categorias diferentes: T11, para as pessoas invisuais e que não conseguem correr sem um atleta-guia; T12, para quem, como Luís, não é totalmente invisual, e pode decidir correr com um guia ou não; e, por fim, T13, destinada aos atletas que têm uma visão muito reduzida, mas já não precisam de guia.
O atleta-guia de Luís Gonçalves é Nuno Alpiarça, que também já foi guia de outros corredores paralímpicos medalhados, como Carlos Lopes e Gabriel Potra. Nuno começou por ser um atleta corredor de barreiras. Um dia, perguntaram-lhe se não queria ajudar um atleta invisual a correr e ele aceitou. Estávamos em 1993. Seis anos depois, tornou-se também treinador, uma função que agora acumula com a profissão de professor de Educação Física.
E vão duas medalhas para Portugal!
O nosso país conseguiu hoje a segunda medalha. A equipa de Boccia BC1-BC2 ficou igualmente em terceiro lugar garantido a medalha de bronze para Portugal. Após o excelente resultado de Luís Gonçalves, a seleção lusa garante uma segunda medalha nos paralímpicos do Rio de Janeiro.