Em Findhorn, no norte da Escócia, viver em casas que outrora já foram barris de whisky é uma realidade. A construção desta comunidade ecológica foi impulsionada pela fundação com o mesmo nome da localidade, criada em 1962 num antigo parque de caravanas. E foi da mente de Roger Douda que surgiu a ideia de reutilizar a madeira dos barris para construir habitações, que se tornaram as primeiras residências permanentes de Findhorn em 1986.
Douda, 73 anos, um norte-americano radicado na Escócia desde os anos 80, admite que construir casas com recurso à madeira que antes servira para acondicionar a famosa bebida escocesa foi “um exercício de reciclagem inovador”. A ideia, contou à CNN, surgiu-lhe depois de ter ido a uma tanoaria abastecer-se de lenha para o inverno e ter visto seis barris de grandes dimensões desmontados.
Depois da primeira casa, vieram mais quatro e, atualmente, são às dezenas as habitações feitas de material reciclado neste pequena comunidade de cerca de 500 pessoas. Em tempos ridicularizada pelo seu estilo hippie, Findhorn é hoje uma referência de como viver em comunhão com a natureza, sem poluir o ambiente e privilegiando a reciclagem de materiais. Sustentabilidade é um lema de vida por estas bandas: o tratamento das águas residuais é feito de forma biológica, as caldeiras são alimentadas por biomassa, existe um sistema de aquecimento de água através da energia solar e o sistema eléctrico é fornecido por energia eólica, graças às quatro turbinas eólicas espalhadas pelo terreno circundante.
Segundo Duncan Easter, um dos gestores do projeto, as quatro turbinas não só são suficientes para fornecer energia à comunidade de Findhorn, como, em anos bons, permitem exportar energia, adiantou à estação televisiva norte-americana CNBC. A exportação de energia é um dos negócios que mais faz prosperar a vida no local. E ajuda na divulgação da causa, que pretende chamar a atenção para as questões ambientais através do exemplo dos seus habitantes, que vivem em harmonia com a natureza há mais de cinco décadas.