Enquanto, um pouco por todo o mundo, figuras de extrema-direita entram nos parlamentos e até nos governos, em Portugal os extremistas de direita continuam a obter resultados ridículos. Ora, estando criadas em todo o lado, ao que parece, condições para a ascensão deste tipo de partidos, esta insignificância eleitoral só pode significar uma coisa: os nacionalistas estrangeiros são melhores do que os nossos. As pessoas que apregoam a superioridade de outros povos são superiores às que apregoam a superioridade do nosso. Deve ser humilhante, para um nacionalista, perder precisamente no campeonato do nacionalismo.
Paradoxalmente, o meu patriotismo sai sempre reforçado quando vejo a má qualidade dos nacionalistas que o meu País produz. Bravo, Portugal! E, obrigado, nobre povo.
No entanto, muita comunicação social continua a gritar extrema-direita como o rapaz da história gritava lobo. Nas redes sociais, dizem, os partidos de extrema-direita são dos que têm mais seguidores, gostos e partilhas. Portanto, das duas, uma: ou há uma diferença muito grande entre as redes sociais e o chamado mundo real (uma hipótese absolutamente chocante) ou os extremistas de direita são, de facto, a maioria, mas não se mobilizam para votar. Se for esta última a verdadeira, o caso é grave: gente que passa a vida a acusar os outros de serem preguiçosos e de não quererem trabalhar, não é capaz de levantar o rabo do sofá para se dirigir à urna de voto e fazer uma cruzinha num papel.
A grande vantagem do populismo é que não precisa de ser coerente, nem de respeitar factos, nem sequer de fazer sentido. O seu apelo é outro. Não se sente grande preparação ou talento em Trump ou em Bolsonaro, por exemplo. Antes pelo contrário, são conhecidos pela sua aflitiva falta de preparação. A questão, por isso, é: quão incompetente tem um populista de ser para que ninguém lhe ligue nenhuma? Que tipo de papalvo não consegue, sequer, passar as mensagens mais básicas? Populistas fracassados, no fundo, são pessoas que nem para serem energúmenas têm jeito. Gostaria, por isso, de deixar aqui expresso o meu apoio aos populistas portugueses. Que se mantenham todos nos seus cargos por muitos e bons anos, é o meu desejo. São péssimos a ser péssimos – o que é óptimo. Muita força para todos.
(Opinião publicada na VISÃO 1369 de 30 de maio)