<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 21 false false false PT X-NONE X-NONE MicrosoftInternetExplorer4 Deixámos para trás o Carnaval e o último Conselho Europeu, que aprovou o orçamento de “serviços mínimos” para 2014-2020. Estamos, agora, numa quadra de “cinzas”. Enquanto se espera por tempos melhores, que deverão surgir um dia, dizem os especialistas do otimismo, nota-se que o descrédito das lideranças políticas é o traço que define a Europa atual. O vínculo da confiança entre os cidadãos europeus e os políticos está mais ténue do que nunca. Ora, a confiança é a alma do futuro.
Não falemos de Portugal. Comecemos pela porta ao lado, por Espanha. Uma sondagem do Centro de Investigaciones Sociológicas de Madrid, de dias antes do escândalo que acaba de manchar Rajoy, revela que 82% dos inquiridos confiam pouco ou nada no primeiro-ministro. O líder da oposição, Pérez Rubacalba, fica-se por um valor ainda mais negativo: 88%! Em França, antes da operação no Mali, Hollande estava na casa dos 35% de opiniões positivas, um nível incrivelmente baixo para um Presidente recém-chegado ao poder. A decisão de intervir no Mali ajudou a inverter a curva das opiniões negativas. Deverá ser sol de pouca dura. Entretanto, havia lançado o processo de legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A vantagem política deste tema é que permite canalizar uma boa parte da opinião pública para um assunto quente, que serve como um biombo destinado a esconder os verdadeiros problemas. Os governos fracos agarram-se à questão do casamento homossexual como se fosse a tábua de salvação política em voga. Sem negar a legitimidade da questão, que deveria ser fácil de resolver, a verdade é que tem sido utilizada como um truque de governação, para disfarçar a inépcia dos líderes. Que o diga Cameron, que tem uma campanha similar a decorrer na sua terra. É que também ele sofre de uma imagem pálida, enquanto primeiro-ministro sem rumo certo, quer dentro do seu partido quer nos círculos económicos que são um pilar importante do poder conservador. Por isso, além da iniciativa sobre o casamento gay, tem também a flutuar uma outra boia de salvamento, a do posicionamento do seu país na UE.
Com Berlusconi uma vez mais a definir a agenda, a Itália está embrenhada numa nova corrida para a confusão. Reina a demagogia. Até Monti já faz promessas eleitorais irrealistas, ao revés da orientação que seguiu enquanto chefe de Governo. Uma parte significativa do eleitorado irá votar, sem grande fé no prometido, mas com base no “nunca se sabe”. Mais a norte, Merkel é ainda a exceção, apesar do embaraço do plágio praticado por uma lugar-tenente. Quanto aos outros, o partido liberal, que é o parceiro menor da coligação em Berlim, está de rastos, e a oposição social-democrata não consegue sair do marasmo. Na Holanda e na Bélgica, ninguém sobressai em termos de liderança política, o que se traduz numa pulverização partidária. É justo referir, todavia, que o primeiro-ministro socialista da Bélgica, Di Rupo, tem ganho prestígio, por saber combinar posições progressistas com uma procura constante de alianças alargadas. Mas o fracionamento do seu país não lhe dá tempo para pensar na Europa.
E por aí fora, até às políticas sem cor da Escandinávia ou obscuras de parte do Leste. A nível do Parlamento Europeu, onde poucas personalidades se destacam, o desafio é claro: deixar de ser um repositório de relíquias, para se tornar numa voz de peso da cidadania europeia. De resto, em Bruxelas, Van Rompuy é mais um artista de equilíbrios do que um dirigente. Valha-nos isso, porém. Nesta altura de crise de liderança, um trapezista preenche bem o interlúdio.
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