O homem que governa o mundo acredita que os Jogos Olímpicos de Londres vão ser um êxito. Segundo confidenciou, tem passado os últimos dias a falar com todos os governantes e cabeças coroadas que tenham assuntos a resolver. E com quem não falou ainda, avisou, vai falar nos próximos dias.
Pode parecer estranho, mas é verdade. E fica tão mais verdade se nos deixarmos de mistérios e explicarmos isto de acordo com as regras do jornalismo. Mais ou menos assim: o presidente do Comité Olímpico Internacional afiirmou hoje acreditar que, no fim dos Jogos de Londres, a memória que perdurará não será a dos problemas de segurança, do caos nos transportes ou os custos da organização – que agora preenchem as notícias -, mas sim a imagem do espírito desportivo do povo britânico. Exactamente como, na sua opinião, os Jogos de Atenas 2004 ficaram marcados pela paixão olímpica dos inventores dos Jogos, e os de Pequim 2008 perdurarão na memória como a prova do poder do país mais populoso do mundo.
“Em Londres 2012 o que acabará por ficar memorável será o espírito de um povo que, na segunda metade do século XIX, inventou o desporto moderno. E os Jogos, acredito, são bons para a cidade, para o país, para o povo e para o desporto”, afirmou Jacques Rogge.
Porque é este belga de 70 anos o homem que governa o mundo? Simplesmente, pela forma como se apresentou e respondeu na primeira conferência de Imprensa que deu, em Londres, a uma semana da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Durante cerca de meia hora, ele foi questionado – e respondeu! – a uma bateria de questões com uma latitude tão diversa a que mais nenhum líder mundial conseguiria responder. Desde os problemas da liberdade no Egito à segurança no Brasil, passando pelo papel dos militares britânicos na vigilância dos Jogos de Londres e acabando, até, a contar como intercedeu junto da presidente da Argentina, Cristina Kyrchner, para que esta impedisse que a memória da guerra das Malvinas/Falkland possa irromper, violentamente, na Aldeia Olímpica. Além, claro, de problemas jurídicos-médico-desportivos, como as questões relacionadas com o doping.
Mas para provar que governa mesmo o “mundo”, Jacques Rogge fez questão de sublinhar que não vai haver qualquer minuto de silêncio na abertura dos Jogos de Londres em memória dos atletas israelitas mortos no atentado terrorista durante os Jogos de Munique 1972, há 40 anos. E fê-lo pouco tempo depois de Barack Obama o ter pedido expressamente, no seguimento, aliás, de uma solicitação semelhante por parte de Angela Merkel.
Num instante, Jacques Rogge acabou com a conversa, de forma seca e taxativa, perante uma plateia de mais de duas centenas de jornalistas, de diversas nacionalidades. É assim o estilo do homem que governa o mundo… mesmo que este seja um mundo particular, embora composto por representantes seleccionados entre os melhores de 204 nações, os quais se encontram agora todos a viver no mesmo bairro. Chamam-lhe Aldeia Olímpica e, como bem vamos perceber nos próximos dias, é este o “mundo” que vai concentrar as atenções… do resto do mundo.