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Baby sitting. Muito por culpa de Pedro e Paulo, o Presidente está transformado no baby sitter da coligação. “Paulo, não admito que fales assim com o teu irmão! Pedro volta imediatamente para casa, vai pedir desculpa ao Paulo e empresta-lhe a bola. Se não jogam os dois, não joga ninguém!” Bem sei que pode parecer pouco. E que é politicamente correto dizer que se trata de uma visão redutora dos poderes presidenciais. Mas, graçolas à parte, insisto numa ideia que não é menos válida pelo facto de ser só minha: está por fazer-se a história do segundo mandato de Cavaco. E eu estou absolutamente convicto de que, quando se contar a história das várias crises desta crise, das várias birras desta grande birra, da TSU à substituição de Gaspar, se perceberá que o País deve muito mais ao Presidente do que hoje imagina.
Birra. Por falar em birra, e se, ao contrário do que é a perceção generalizada, Paulo Portas não fez uma birra? E se não foi uma coisinha má que lhe passou pela privilegiada cabeça na tarde de terça feira, a seguir ao lanche? E se se tratou de uma roleta russa? De um plano maquiavélico que não se confessa nem aos botões? A crise planeada solitariamente e ao milímetro, a convulsão dos mercados mais do que prevista, o murro na mesa de Cavaco, friamente antecipado? Vistas as coisas assim, não é que Portas ganha em toda a linha? Para ganhar proporções bíblicas, para que Pedro se fizesse Herodes e Paulo Salomé, só terá mesmo ficado a faltar a cabeça de Maria Luís que, já se percebeu, não tem propriamente vocação para santa.
Gajos normais. A hipotética entrada de Pires de Lima no Governo é a melhor notícia da última semana. Porquê? Porque, se mais razões não houvesse, fazem falta, à política portuguesa, gajos normais. Tivesse o Governo nascido com mais gajos normais, com vidas e carreiras normais, com cabeças normais, com virtudes e defeitos normais, e o País talvez não estivesse transformado num terreno baldio da Europa.
Narciso. Será eticamente aceitável que o homem que, nos últimos dois anos, se entreteve a fazer a terraplanagem da economia e da sociedade portuguesas, lance gasolina para a fogueira na hora da despedida? Não bastava o dogmatismo furioso com que se entregou à destruição cientifica do País? Tinha ainda que nos brindar com o mesquinho epitáfio público que acabou por abrir esta crise? Disse narciso? Desculpem. Queria dizer insuportável narciso.
Psicanálise. Não viria mal nenhum ao mundo se a Presidência do Conselho de Ministros contratasse shrinks em vez de espiões. No fundo, no fundo, a crise que ia deixando o País em cuecas é coisa para ser tratada por especialistas da área. O Pedro, cansado de ouvir falar na proverbial inteligência do Paulo, desenvolveu um complexo de inferioridade que sublima através do sadismo e dos maus tratos a que submete o irmão. O Paulo, para azar dos Távoras, é um rapaz sobredotado que, como tantos outros meninos prodígio, esconde um abismo de carências afetivas. Queria mimo e leva porrada. No fundo, no fundo, repito, não é mais complicado que isto.
Seguro. Se o Presidente é o baby sitter, António José é o seguro de vida da coligação. Quando tudo parece irremediavelmente perdido, quando são ultrapassados os últimos limites do decoro e do bom senso, quando tudo pareceria recomendar que o País mudasse de vida e que o Presidente mandasse os garotos para o castigo, eis que alguém se lembra dele. E, como que por milagre, os gritos dos meninos no recreio parecem desvanecer-se ao longe, os arrufos na coligação tornam-se suportáveis, quase divertidos, e a terra volta a girar devagarinho.
(*) rasgar em caso de dissolução da AR
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