O mundo cada vez é mais um só, quase sem surpresas, mas com um ritmo de progresso e de conhecimentos cada vez maior. Em todos os continentes.
Ao contrário do que profetizaram os Maias, perante o ano novo que vai nascer, 2013, o Mundo não vai acabar, como estaria para acontecer no dia 21 de dezembro de 2012, o dia mais curto do ano. A profecia não se verificou. Alguns cientistas e astrónomos, que estudam o Sol, os satélites, os astros e procuram perceber o que se passa noutras galáxias, dizem que talvez isso possa acontecer, em mil anos. Mas, do mundo de hoje, ninguém estará cá para ver. Por isso não vale a pena preocuparmo-nos com essa hipótese…
O que é importante é pôr os pés bem fincados na terra e salvar o nosso planeta, ameaçado pela incúria e ganância dos homens, sem cuidar do ambiente, da lixeira em que se estão a transformar os oceanos e das mudanças climáticas, que nos afetam. A recente Conferência de Doha sobre as questões ambientais revelou-se, mais uma vez, um fracasso, com os grandes Estados sem vontade política para salvar o nosso planeta e a ONU, impotente perante os grandes…
Vivemos num tempo de globalização, infelizmente, desregulamentada, sob a influência da ideologia neoliberal, que só vê como supremo valor, o dinheiro. O resto não conta.
As duas grandes economias mundiais são os Estados Unidos e a China, que procuram entender-se entre si. Barack Obama que, em janeiro de 2013, iniciará o seu segundo – e último – mandato que, julgo, será bem melhor que o primeiro, e Xi Jiping, que começará o seu mandato em março próximo e terá de resolver problemas sociais e políticos melindrosos, em especial com o Japão, que tem agora um Governo ultraconservador, que não augura nada de bom. Contudo, as relações entre os dois colossos – os EUA e a China – têm condições para ser boas e pacíficas. O que prenuncia um bom futuro.
A União Europeia, principalmente a Zona Euro, com uma moeda única particularmente forte, parece ter uma doença crónica e continuar paralisada. Quem parece mandar é a chanceler Merkel, com uma Alemanha que começa a dar sinais de fraqueza, sentindo a crise global, importada dos EUA e agravada pelos seus parceiros europeus que, em função, sobretudo, das dificuldades, da chamada austeridade imposta, deixou de comprar ou reduziu as compras dos produtos alemães.
Os Estados-membros, vítimas da crise, foram, como se sabe, a Grécia (que a Alemanha não deixou cair), a Irlanda, que, em janeiro próximo, assumirá a presidência europeia, Portugal, e agora, a Espanha e a Itália, bem como, provavelmente, a França, a Bélgica, a Holanda e, mesmo, se não houver mudança de paradigma, a própria Alemanha. O Reino Unido, com enormes dificuldades, muito longe do que foi, parece desejar sair da União. E os países escandinavos e a Finlândia estão numa deriva nacionalista e ultraconservadora grave e sem futuro.
Se as instituições europeias – e, em especial, o Banco Central Europeu – não tiveram a coragem de mudar as políticas de austeridade e dar prioridade ao crescimento económico e à luta contra o desemprego, a União entrará num abismo, que se refletirá no mundo inteiro, muito negativamente.
A Ibero-América vai francamente bem, com uma liderança incontestável do Brasil, país emergente, e o regresso do México e do PRI, após a eleição de Henrique Peña Nieto.
A Ásia, com a Índia, as Filipinas e a Indonésia, a crescer, o universo muçulmano, com dificuldades, no Irão, no Afeganistão, no Egito, na Síria e o eterno problema israelo-palestiniano, têm situações difíceis que se arrastam, mas espero que sem guerra.
Portugal não é um país pequeno, nem pobre, ao contrário do que muitos portugueses repetem. Tem, de momento, um mau Governo, sem estratégia, que está paralisado e é subserviente em relação à troika, que parece ser quem manda ou, por ela, os magnates que a comandam. No entanto, tem riquezas, no mar e na terra (agrícolas e minerais), por explorar, e uma posição geoestratégica excecional.
A questão reduz-se à necessidade absoluta – e urgente – de reduzir a austeridade (que nos tem estado a destruir), apostando no crescimento económico, no emprego e no conhecimento (não deixando que as elites, saídas das nossas excelentes universidades, emigrem). Sem medo que a troika nos corte os pagamentos – porque não corta, nem tem moral para o fazer – depois dos juros inaceitáveis que nos arrancou, para nossa desgraça. Mas para isso, precisamos de outro Governo, porque este, a continuar, vai-nos destruir. Será que o senhor Presidente da República não compreende isso e bem assim a tremenda responsabilidade que lhe incumbe?