“Walking with a friend in the dark is better than walking alone in the light.” Helen Keller
Os tempos de crise são sempre tempos de prova aos valores mais elevados. Quando tudo parece estar em dúvida, a lealdade, a gratuidade dos actos e os compromissos à palavra dada, a amizade é um refúgio. Mesmo assim, a verdadeira amizade é caminhar em conjunto e não largar a mão do outro. A amizade é leal, atenta ao outro, compreensiva e capaz de entrega.
Ser um gentleman compreende o exercício da amizade, ser capaz de estabelecer relações de qualidade onde o que importa não é o que vou tirar de proveito para mim mas o que ambos podem ganhar e crescer com ela. O lucro não tem lugar no campo da amizade, é a partilha de vida e o estar ao lado da pessoa amiga. “Não ganho nada com a amizade de fulano de tal…” ouvimos isto constantemente e parece um contrasenso embora com alguma razão.
Existe uma reciprocidade que deixa que cada pessoa “ganhe” algo na amizade, e quando existe uma amizade em que só um dos lados contribui é um monólogo. Quando todos os valores são postos em mercado como se fossem prescindíveis, a amizade eleva-nos.
Quando a satisfação dos meus próprios prazeres é meta de vida e isto aliado à verdadeira crise interna do sistema consumista, a amizade e as suas exigências são uma dura prova de viver. “Amigo não empata amigo” e “não há maior prova de amor que dar a vida pelos seus amigos” são duas frases que parece que se negam.
Talvez nem mesmo a idade hoje em dia nos consiga transmitir a elegância de trato que é necessário para estabelecer verdadeiros laços de amizade. Porém, é a idade e a experiência que ensina que quanto mais negamos e deixamos para tratar os verdadeiros amigos, a vida vai se tornando mais oca e sem substrato.