1 – Quando se administra uma vacina está-se a introduzir na pessoa o microorganismo que provoca a doença.
As primeira vacinas a ser desenvolvidas funcionavam realmente desse modo: inoculava-se na pessoa o agente de determinada doença para o organismo ser capaz de desenvolver anticorpos protectores. No entanto, com o desenvolvimento da ciência, as vacinas actuais são muito diferentes. Há efectivamente algumas (poucas) vacinas que utilizam microorganismo vivos, mas com a particularidade de terem sido “adormecidos” em laboratório, ou seja, conseguem estimular a formação das defesas sem provocar doença. No entanto, a maioria das vacinas utiliza microorganismos mortos ou então apenas parte deles, o que mantém a sua eficácia, mas aumenta muito a segurança, pois são incapazes de provocar a doença que previnem.
2 – As vacinas provocam autismo.
Esta afirmação é completamente falsa, mas teve o seu início em 1998 com um estudo publicado numa das mais conceituadas revistas científicas, a The Lancet, que associava a vacina contra o sarampo, papeira e rubéola ao surgimento de autismo. Sendo uma relação bombástica, rapidamente essa informação se propagou e se tornou viral, agravada ainda pelo facto de se ter generalizado essa possível (mas errada) relação a todas as vacinas. Em pouco tempo se percebeu que o trabalho tinha inúmeras falhas científicas e foram feitos uma série de estudos para tentar perceber se as afirmações eram verdadeiras ou não, mas em todos as conclusões foram semelhantes: as vacinas não provocam autismo. A própria revista The Lancet acabou por assumir que o artigo publicado tinha muitos erros e os resultados eram “fraudulentos e desonestos”, motivo pelo qual é mais ou menos consensual na comunidade científica que a relação entre vacinas e autismo não foi nunca comprovada e, portanto, não existe.
3 – É preferível adquirir imunidade de forma natural.
Esta é uma afirmação que não faz sentido nenhum…
Claro que a imunidade se pode desenvolver de forma natural, mas para isso acontecer é preciso contactar com o microorganismo que causa cada doença, o que implica quase sempre ficar doente. Para além disso, muitas das doenças prevenidas pelas vacinas são bastante graves, seja em termos de mortalidade, seja na probabilidade de deixar sequelas, pelo que sujeitar as crianças a essas situações quando se podem prevenir é, no mínimo, questionável e desadequado.
4 – As vacinas têm, na sua composição, produtos que fazem mal à saúde.
Esta questão começou a levantar-se de forma mais acentuada relativamente ao mercúrio, embora existam outros componentes que, por vezes, são apontados como nocivos. O mais importante, no entanto, é perceber que muitos desses produtos foram retirados da composição das vacinas nos últimos anos e que os que ficaram estão presentes em quantidades muito pequenas, controladas e seguras. Todas as vacinas são testadas durante muitos anos antes de sem comercializadas e a sua segurança é sempre um dos aspectos que merece atenção particular e que tem que ser garantido.
5 – As vacinas não devem ser dadas a bebés pequenos, porque têm o sistema imunitário pouco desenvolvido.
É verdade que as defesas dos bebés estão menos desenvolvidas do que as dos adultos, mas também é precisamente por esse facto que é nessa altura da vida que a maior parte das doenças tem mais risco de surgir. A maior parte das vacinas são administradas aos bebés nos primeiros meses de idade e estão testadas para ser dadas nessa altura, porque é quando vão ser mais eficazes e, acima de tudo, mais úteis. De qualquer forma, a vacinação deve ser feita ao longo de toda a vida, pois há vacinas que estão indicadas para dar às crianças mais velhas, adolescentes e adultos.
Estes são apenas alguns dos mitos mais frequentemente associados às vacinas, embora existam muitos outros. No entanto, é fundamental reforçar a ideia de que elas são extremamente úteis e que têm um impacto muito significativo no estado de saúde das populações. Questionar a vacinação é, na minha opinião, uma atitude pouco responsável, que pode colocar em risco um dos enormes avanços que a medicina teve nos últimos anos. Não se morre das vacinas, mas das doenças sim…