Os serviços de saúde e principalmente os hospitais públicos estão, permanentemente, sob o escrutínio dos “media” e da opinião pública, geralmente por más razões: incidentes graves com doentes, tempos de espera inaceitáveis, falta de investimento, instalações degradadas, etc.
Os elogios são muito raros. Ou são feitos por ex-doentes ou familiares, curiosamente em anúncios pagos pelos próprios, ou são para dar conta, com orgulho, de uma nova tecnologia, de um avanço científico e pouco mais.
Fica sempre por saber o que se passa com os cerca de 800 mil doentes internados por ano, os 11,5 milhões de consultas realizadas e a sua adequação temporal e os cerca de 600 mil doentes intervencionados (SNS,2017).
Toda esta atividade é objeto de um olhar atento e profissional, realizado de forma discreta e permanente por equipas especializadas, que de forma isenta e independente, avaliam o que se faz dento dos nossos hospitais. Não só analisando o volume e diversidade dos atos praticados, a caraterização sociodemográfica dos doentes ou os custos envolvidos. Mas também analisando indicadores de efetividade, de eficiência e de qualidade, que nos dão a medida do sucesso da atividade hospitalar desenvolvida.
Sabemos hoje quais são os hospitais mais eficientes, ou seja, que têm melhores resultados com menos custos em pessoal ou em medicamentos, por exemplo. Mas também sabemos quais são os hospitais em que os doentes ficam menos tempo internados, têm menos complicações ou em que as taxas de reinternamento são mais baixas. E também sabemos quais são os hospitais que tratam doentes mais graves e têm uma prática clínica mais sofisticada ou complexa.
Este tipo de informação e estes indicadores são hoje disponibilizados no site da ACSS, que tem, de há uns anos a esta parte, desenvolvido uma cultura de avaliação e de comparação de resultados a todos os títulos louvável. Não só permite aos serviços, às administrações e aos profissionais perceberem o seu posicionamento relativo, mas também, e talvez o mais importante, permite ao cidadão comum perceber o nível de confiança que pode depositar nos serviços hospitalares públicos.
Gostaria, por isso, de destacar nesta oportunidade, a realização de uma iniciativa que pretende justamente premiar os melhores hospitais e incentivar as melhores práticas. Pelo 5º ano consecutivo, vai ter lugar, no dia 27 de novembro, a cerimónia de distribuição dos prémios TOP 5, que visa distinguir os cinco melhores hospitais portugueses, de acordo com a sua dimensão e complexidade. É um trabalho desenvolvido por uma empresa privada, internacional e especializada em benchmarking clínico, e que há mais de 12 anos, com total autonomia, independência e rigor, avalia e compara de forma objetiva, um conjunto de indicadores diversificados do desempenho de cada hospital do SNS, de gestão direta ou em regime PPP.
Com este trabalho, pretende-se enaltecer e estimular a qualidade da atividade desenvolvida nos nossos hospitais, dar transparência e rigor aos resultados obtidos e disponibilizar aos cidadãos uma informação útil e credível que contribua para aumentar os seus níveis de confiança na rede hospitalar pública. É claro que estamos nos primeiros anos de um processo de avaliação complexo, difícil e que envolve múltiplas dimensões de análise que não se esgotam naquelas que aqui são utilizadas. Mas o caminho está aberto e os resultados até agora obtidos são positivos e estimulantes.
Como nota final, mas não menos importante, convém acrescentar que estes modelos de avaliação do desempenho podem e devem ter reflexos diretos no financiamento hospitalar.
Remunerar melhor consultas realizadas à hora certa ou dentro dos tempos máximos de resposta garantidos, reduzir o valor atribuível ao internamento quando o serviço tem taxas de complicações ou de reinternamento elevadas, são exemplos de incentivo às melhores práticas que deveremos prosseguir no futuro e que já estão equacionados nos termos de referência para a contratualização dos hospitais públicos portugueses e que importa aprofundar.