Quando me mudei para Nova Iorque, há mais de 10 anos, fiquei pasmado por do lado de casa haver um supermercado dedicado apenas a produtos orgânicos, desde alface a amaciador de cabelo. Pensava comigo mesmo: será que é mesmo mais saudável?
Aos meus vizinhos, surpreendia haver um mercado de rua de produtores locais, mas isso a mim não: ir à praça já sabia desde pequeno. Sempre fazia sentido comprar na praça, o peixe e os vegetais, que eram mais baratos e frescos!
Uma década depois, noto que o orgânico e os mercados de rua viraram a norma por cá e não mais a exceção.
Será influência de um bom marketing, uma busca para nos sentirmos mais saudáveis, ou ambos?
Noto que a mudança, por cá, não foi só nas mercearias, mas na prática de saúde dos novaiorquinos. Há mais ginásios, mais pessoas a fazerem desporto na rua, mais estúdios de yoga pela cidade. Até eu mudei, e por influência e opção, acabo por fazer escolhas semelhantes também.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, já dizia o ditado. Ao crescer, era um adolescente obeso; já na minha vida adulta, por questões de saúde, os hábitos mudaram-se. O processo não foi fácil e foi longo e acho que foi isso que criou raízes e cimentou os novos hábitos mais saudáveis. Ao olhar para trás noto a diferença, não só na comida, mas no nível de energia e de satisfação emocional comigo mesmo!
Do meu ponto de vista, gosto e pratico essa busca por ser mais saudável e à minha volta também. Noto que me preocupo em desperdiçar menos recursos, seja comida ou embalagens, não só para me sentir melhor, mas para deixar o mundo mais verde e sustentável para as gerações futuras. Tornei-me um cliché e satisfeito com as minhas escolhas. Como será daqui a 10 anos?
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 173 dias.
Por aqui, fala-se muito das decisões políticas de Washington.
Sabia que por cá o uso de palhinhas de plástico está prestes a ser ilegal.
Um número surpreendente, 28 organizações não governamentais, em que o foco é evitar o desperdício de comida saudável e de qualidade, re-utilizando para quem mais precisa. Como resultado milhões de refeições são re-criadas e consumidas, em vez de desperdiçadas.