– O ascensorista –
Uma das coisas com que me deparei quando vim morar em São Paulo, e que achei diferente e engraçado, foi ainda existir a profissão de ascensorista. Sim, leram bem: ascensorista. Um senhor ou uma senhora (normalmente simpáticos) que fica dentro do elevador (normalmente de estabelecimento comercial ou escritório), sentado num banquinho, cuja função é apertar o botão do andar para que queremos ir e, claro, ajudar quando não sabemos bem qual o andar. No inicio achei que o ascensorista só existia em lugares com elevadores retro por questões de segurança (aqueles do século passado que metem um pouco de medo e que estamos sempre a esperar que pare a meio da viagem) e para ajudar a realmente manobrar nesses elevadores, até que um dia vi um ascensorista num shopping (de lojas chiques) que tinha um elevador super moderno. Lembrei-me de comentar com algumas pessoas e chegámos à conclusão que talvez seja mais uma forma de dar emprego a algumas pessoas, embora reconheça que não deva ser fácil estar ali o dia todo e, ainda por cima, quase sempre sorridente e bem disposto.
– Os Bancos –
Aqui, quando se quer levantar (ou “sacar”) dinheiro num multibanco, só se pode fazer das 6 ou 7 horas da manhã às 10 horas da noite. Fora desse horário, só encontrando umas máquinas chamadas “Banco24horas” que normalmente ficam em bombas (aqui é posto) de gasolina ou supermercados e shoppings (mas estes últimos também fecham no máximo às 24H00).
Além disso, se a pessoa for cliente do Itaú (por exemplo) não consegue levantar dinheiro num multibanco do Santander ou do Banco do Brasil. E um cliente do Santander também não consegue levantar dinheiro no Banco do Brasil ou no Itaú. Só se pode levantar dinheiro no multibanco do próprio banco ou encontrando uma máquina “Banco24horas”.
Ou seja, os multibancos “Banco24horas” ou os “Caixa 24”, como vulgarmente se fala aqui, são os salvadores em ocasiões de emergência, mas nada fáceis de encontrar pela cidade.
Agora vem uma coisa boa: para levantar dinheiro, nem é preciso cartão, basta saber o numero da agência e da conta (que são bem menos números que o NIB) e com a impressão digital já se levanta dinheiro.
Agora vem uma coisa chata: quando se precisa resolver alguma coisa dentro do banco tem de se passar por um detetor de metais ou a porta giratória (aqui diz-se rotatória) não deixa entrar. E há um policia lá dentro a observar tudo e a dizer: “Vá para trás, para a linha. Agora venha. Não force. Coloque seus metais e celular nessa portinha.” ou “Não vai dar, tem que deixar a bolsa lá fora no cofre”. E depois, às vezes, o cofre não funciona. Enfim, quando preciso ir ao banco, levo uma bolsinha pequena com os documentos, “celular” e o que for realmente necessário.
– O Poupatempo –
Confesso que sou apaixonada por este nome, porque realmente o objetivo dele é esse: poupar tempo conseguindo resolver vários assuntos ao mesmo tempo. O Poupatempo é o equivalente à nossa Loja do Cidadão. Lá é possível tratar de assuntos ligados ao Cartão do Cidadão (aqui se chama RG), à segurança social, carta de condução (que aqui se chama habilitação), tirar antecedentes criminais, tratar do subsídio (aqui chama-se seguro) de desemprego entre outros. Além disso, é possível agendar a maior parte dos serviços pela internet e funciona bem (já experimentei tirar antecedentes criminais e o Cartão do Cidadão brasileiro), pois, chegando lá a horas, é-se realmente atendido. Uma coisa boa, que funciona e merece ser elogiada.
– Nos restaurantes –
Aqui no Brasil, via de regra, quando se chega ao restaurante (não estou a incluir os botecos e lanchonetes), tem que se encontrar a “hostess” (ou o “host”) ou esperar que ela venha ter connosco e nos indique uma potencial mesa. Caso o restaurante esteja cheio, fica com o nosso nome em lista de espera e, assim que possível, chama. Hoje em dia, a maior parte dos restaurantes tem um sistema que permite receber uma mensagem no telemóve a dizer que a nossa mesa já está disponível, mas também thá outros sistemas.
Além disso, regra geral, a maioria dos restaurantes não aceita reservas de 100% do seu espaço. Eles têm um sistema (inteligente, para mim) em que aceita reservar 50 ou 70% das mesas e deixa algumas mesas para quem aparece sem ter reserva. Isto permite que a pessoa que quer mesmo ir áquele restaurante, naquele dia, ainda tenha uma possibilidade de conseguir ir e apanhar mesa. E, por outro lado, como eles informam isso mesmo pelo telefone, não ficam naquela situação meia estranha de ter pessoas a tentar almoçar/jantar e a terem que dizer “Está tudo reservado”, quando o restaurante está quase vazio.
Outra curiosidade é como tudo é segmentado: há um garçon que vem tirar os pedidos e outro garçon que vem entregar os pedidos. Não é a mesma pessoa que faz as duas coisas, porque cada um tem as suas funções. E, se tentamos pedir alguma coisa ao garçon que traz a comida ou bebidas, ele vai dizer que “Isso é com o meu colega” ou “Vou chamar o atendente”.
– As empregadas –
Confesso que este é um dos temas que acabamos por falar bastante em almoços, especialmente entre mulheres, porque há sempre imensas histórias (normalmente muito boas) para contar e partilhar. Mas o que quero aqui partilhar são algumas das curiosidades: aqui as empregadas não trabalham à hora, mas ao dia, porque tem de se fazer tudo no mesmo dia e não dá para num dia arrumar a sala, outro trocar as camas e outro arrumar a cozinha (agora estou a exagerar), mas tem de se limpar a casa toda no mesmo dia e fazer igual todos os dias. E, se uma empregada limpa, não vai cozinhar, nem passar a ferro, nem tomar conta das crianças, porque cada uma tem a sua função, não dá para fazer tudo. É claro que há exceções, cada vez mais há exceções, de pessoas que entendem que a vida de hoje não dá para ter uma empregada (faxineira), uma passadeira, uma cozinheira e uma babá, ou seja, 4 empregadas e salários. Que uma empregada tem que ser um pouco de tudo e ir gerindo as suas funções dentro das suas possibilidades.
Agora vem a melhor coisa: quando se aluga uma casa na praia, na fazenda (em qualquer lugar), quase sempre ter a possibilidade de se contratar uma empregada também, que faz o pequeno almoço, almoço e dá um jeitinho na casa. Há coisa melhor que acordar e já sentir o cheiro de um bolinho de laranja acabado de sair do forno ou um café acabado de tirar ou um suco acabado de fazer ou uma melancia, mamão e manga partidos em cima da mesa prontos para comer? Não, não tem. De facto, uma das coisas melhores que aqui tem é a disponibilidade das pessoas a que, normalmente, adicionamos ainda a simpatia, generosidade e simplicidade com que o fazem.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 83 dias
Nas noticias por aqui fala-se da visita de Bolsonaro a Israel.
Um número surpreendente: segundo dados de 2017 registrados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) existem em São Paulo mais de 20 mil restaurantes, 500 churrascarias e cerca de 30 mil bares.
Sabia que em São Paulo se vende mais de 1 milhão de pizzas por dia e que as pizzarias, geralmente, só estão abertas para jantar, não abrindo para almoço?