A indústria luxemburguesa do cinema emprega quase mil profissionais. Um número impressionante para um país de 600 mil habitantes. O Luxemburgo – entre projetos locais e coproduções com os seus vizinhos – está envolvido quase numa centena de longas metragens por ano através de uma trintena de empresas locais.
Se, no final dos anos 80, a produção cinematográfica ainda era amadora, o panorama mudou completamente na década seguinte com uma política ativa de apoios estatais. Note-se que a presença no Luxemburgo de um realizador e produtor português, Luís Galvão Teles, ajudou a criar parcerias e aportou “know-how” (não sou eu que o digo, são os luxemburgueses ligados à Sétima Arte). O sucesso do Grão-Ducado na Sétima Arte encontra também as suas razões na localização geográfica e no facto de os profissionais da indústria falarem todas as línguas dos seus vizinhos.
Mas, sobretudo, há uma vontade política em transformar o Luxemburgo num país de cinema. A diretora do festival de cinema do Luxemburgo, o LuxFilmFest, Colette Flesch, dizia na primeira edição do evento que esperava que, um dia, quando alguém pelo mundo fora ouvisse a palavra “Luxemburgo” pensasse em cinema, tal como acontece quando se diz “Cannes”. Esse sonho ainda não está perto de se concretizar, mas, além dos apoios à produção, o festival é um óbvio instrumento importante nessa estratégia.
As autoridades luxemburguesas manifestam orgulho na sua produção audiovisual. Há cinco anos atrás os Óscares foram a consagração máxima do cinema “Made in Luxembourg” quando a coprodução franco-luxemburguesa “Mr. Hublot” obteve a estatueta para a melhor curta metragem de animação.
O prémio veio apenas revelar um segredo de polichinelo: o Luxemburgo produz muito cinema graças a uma bem rodada política de coproduções, sobretudo com os países vizinhos ou com aqueles que partilham uma das suas línguas nacionais. O organismo que apoia o cinema produzido no Grão-Ducado, o Film Fund, tem acordos de produção com França, Canadá, Austria, Alemanha, Suíça, entre outros.
No contexto europeu o cinema não vive sem apoios. Por isso, o Luxemburgo tem vindo a ajustar a sua política de subsídios às novas necessidades da produção audiovisual. Regularmente a legislação relativa a este domínio tem sido atualizada e mesmo simplificada.
O Film Fund do Luxemburgo gere atualmente dezenas de milhões de euros destinados à produção audiovisual, na qual o cinema ocupa uma parte muito significativa. A Sétima Arte no Luxemburgo conta com mais de 600 técnicos, cerca de 50 realizadores com pelo menos uma obra assinada, quase 100 atores luxemburgueses ou residentes no país, 6 associações profissionais: ULPA (Union Luxembourgeoise des Producteurs Audiovisuels), LARS (L’Association luxembourgeoise des Réalisateurs et Scénaristes), ALTA (Association Luxembourgeoise des Techniciens de l’Audiovisuel), EDITH 33 (Association des Monteurs), ACTORS.LU (Associação de atores) e a ALPC (Association Luxembourgeoise de la Presse Cinématographique). São quase 40 as produtoras, das quais pelo menos metade têm atividades também fora do país, cinco estúdios de animação, uma vintena de empresas de pós-produção (estúdios de som, efeitos especiais, etc.) e outras tantas firmas ligadas indiretamente ao setor, tais como “catering”.
Além dos apoios financeiros, o Luxemburgo criou condições para que a produção de cinema se torne simples. As autarquias desempenham um papel importante ao facilitarem locais para as rodagens e as variadas paisagens luxemburguesas – urbanas e rurais – permitem reproduzir facilmente o ambiente de outros países.
A criação dos estúdios FilmLand, há cinco anos atrás, veio criar um “one stop shop” a quem pretenda produzir e rodar no Grão-Ducado.