A emigração portuguesa mantém os laços com as origens de uma forma cada vez mais organizada. São frequentes as estruturas que reúnem portugueses da diáspora e é crescente o número de intercâmbios entre estruturas empresariais da diáspora com as regiões portuguesas. O Verão de 2018 conheceu pelo menos três iniciativas deste género, em Mortágua, Murça e Viseu.
Em vários países de acolhimento realizam-se feiras e mostras onde empresas portuguesas procuram novos clientes, criando sinergias e projetos transnacionais, quase sempre envolvendo portugueses da diáspora.
Entre as iniciativas que efetuam a ligação entre as comunidades portuguesas e as coletividades locais a mais relevante a nível empresarial será certamente a ação lançada pela Secretaria de Estados das Comunidades Portuguesas, intitulada Encontros de Investidores da Diáspora.
No lançamento do primeiro evento, o Secretário de Estado José Luís Carneiro, classificou os portugueses no mundo como “empreendedores económicos, sociais e culturais” e referiu a aposta do governo na criação de “oportunidades para o encontro e a partilha de experiências” destes cidadãos nas suas cidades e regiões de origem em Portugal.
Depois de terem sido lançados em Sintra em 2016, os encontros seguintes realizaram-se em Viana do Castelo e nos Açores, estando previsto continuarem numa perspetiva descentralizadora.
Os investimentos, intercâmbios e redes que têm resultado destas reuniões são uma das formas evidentes de participação da comunidade não residente nas regiões portuguesas. O ato de investir vai muito além de uma transferência financeira, representando uma série de interrelações que contribuem para o desenvolvimento e para a competitividade dos territórios portugueses pois muitos dos investimentos são feitos nas regiões e localidades de origem dos emigrantes.
Penafiel vai acolher no final do ano mais um encontro que tem por objetivo anunciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros receber ainda mais participantes – de Portugal e da diáspora – do no evento de Viana do Castelo, onde estiveram presentes quase quatro centenas de inscritos, provenientes de 38 países.
Na apresentação do encontro final de 2018, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas detalhou as razões da escolha de Penafiel para acolher o III Encontro de Investidores da Diáspora: “em primeiro lugar, as boas condições logísticas que a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa disponibilizou. Em segundo lugar, o facto de esta região ser uma das regiões do país que tem uma das maiores bolsas de emigração”.
José Luís Carneiro tem trabalhado na perspetiva de restabelecer as ligações dos portugueses cá de fora com as suas terras de origem, insistindo frequentemente numa lógica irrefutável: “estes portugueses podem agora ser elos para a internacionalização da economia local e regional, mas também elos importantes de atração de investimento dessas comunidades para as comunidades de origem”.
O desafio residirá sobretudo na capacidade que terão (ou não) as autoridades locais e regionais para articular as capacidades e o saber-fazer da diáspora portuguesa.
Do governo espera-se uma boa gestão desta rede informal e uma divulgação dos investimentos e interrelações estabelecidas a bem da transparência e da manutenção da iniciativa a longo prazo.