Voluntariado, eu? Há uns anos ficaria surpreso com a pergunta e confesso que até evitaria o tema.
Talvez por coincidências, tentativas de amadurecer ou outras razões que nunca explorei em detalhe, só em Nova Iorque é que comecei a dedicar umas horas a voluntariado. No percurso senti na pele algo que sempre escutei, que dar é melhor que receber.
A minha experiência de voluntariado por cá começou com outros Nova Iorquinos. Descobri que uns o têm como rotina de fim-de-semana, outros umas vezes por outras. Todos com algo em comum, dedicar parte do seu tempo aos outros, normalmente a causas que acreditam e que são próximos. Interessante de notar a falta de pressão ou expectativas. Como em tudo, há muitos que optam por não participar, e isso não é visto como estranho, apenas como uma opção.
Como tudo nesta cidade há uma abundância de opções, e há plataformas como a NYcares.org que ajudam a achar um projeto ideal, desde a localização até à causa, que está à procura de voluntários.
Com amigos e outras vezes com colegas de trabalho, participei em projetos muito interessantes e diferentes. Participei numa aula de natação com adolescentes autistas, para ajudar a integração com desconhecidos, num workshop no centro de LGBT para ajudar cidadãos séniores a se sentirem mais confortáveis em como configurar o telemóvel. Desde consultoria a empresas Portuguesas sobre o mercado Americano, e até já fiz de DJ para ajudar a angariar fundos para ajuda a novos bailarinos do American Ballet Theatre.
Resultado: agora sei que há actividades mais intensas emocionalmente, outras fisicamente, e outras que parecem que nem têm esforço nenhum. Há para todos os gostos.
Aprendi que não mudei, que não “perdi nenhum bracinho”, que continuo a ser o mesmo Nuno.
Noto que todas estas experiências, umas mais prazeirosas que outras, abriram os meus horizontes e por isso sou agradecido. Reconhece também a coragem daqueles que não são apenas voluntários, mas que escolhem carreira profissional à volta de voluntários, e que criam a estrutura para outros participarem, ajudarem e serem ajudados.
E o melhor de tudo é que é um fenómeno que não acontece só por cá, mas por muitas outras cidades à volta de mundo
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 25 dias
Por aqui, nas notícias fala-se muito sobre o massacre em Las Vegas e também do desastre natural em Porto Rico.
Sabia que por cá é normal (grandes) empresas também doarem o equivalente que o empregado doou para a mesma instituição, com excepção de instituições de carácter político ou religioso.
Um número estimada e surpreendente 62,6 milhões de pessoas fizeram voluntariado nos EUA em 2015 (cerca de 25% da população), baseado relatório do centro de estatística .