Após o Dia de Ação de Graças (a última 5.ª feira do mês de Novembro), Nova Iorque veste-se a rigor para celebrar as festas do final do ano. Uma das fantásticas experiências que usufruo por morar nesta cidade, é o facto de ter o privilégio de poder contatar de forma muito direta com diversas culturas e tradições, em simultâneo. Por aqui, aplica-se na íntegra a expressão “agradar a Gregos e a Troianos”, porque existe “de tudo” para “todos” e confesso que esta sensação de inclusão e diversidade, continua a ser o que me atrai em ser Nova Iorquino.
Ao andar pelas ruas, observo celebrações de Natal de muitas cores e sabores. Reparo nas diversas comunidades cristãs que aguardam a esperada missa na respectiva igreja. É também muito comum observar nas sinagogas e noutros lugares, o acender da “Menorah” (o candelabro das nove velas) de acordo com a tradição judia. Contemplo também, outras e variadas tradições de diferentes cleros, que se manifestam igualmente. Um excelente exemplo da identidade do nova iorquino é o facto dos meus amigos ateus, judeus, hindus, budistas (e de outras religiões) adotarem o espírito e a celebração do Natal com toque cristão, e que, quando confrontados, dão como resposta “e porque não?”. Considero muito libertador e reconfortante, ser parte ativa desta “amálgama” tão saudável.
Mas existem mais tradições do final do ano, para além da parte religiosa. Como noutras cidades do mundo, pelas quais já passei, existe um grande movimento corporativo das famosas festas de fim de ano. Bares, restaurantes, museus, parques e outros locais celebram este dia em pleno. Concertos com temas de Natal ou até as famosas Rockettes, que existem desde 1932, na conhecida sala de espectáculos “Radio City Music Hall”. O patinar no gelo no Central Park ou no Bryant Park, popularizados em muitos filmes de Hollywood, ainda é uma das fortes tradições.
E as compras de Natal? Óbvias e com tantas opções, desde as famosas lojas como a Macy’s, os centros comerciais, o comércio tradicional e as feiras/mercados de natal na rua. Nesta altura do ano, há um grande movimento de turistas, especialmente “doméstico”, tanto de estrangeiros como de americanos de outras cidades, que optam por visitar Nova Iorque em Dezembro. É algo especial e mágico!
É de salientar que nesta época existem muitas ações na área do voluntariado, desde angariação de fundos, doação de brinquedos, comida, roupa, barcos, carros e até o pôr “a mão na massa” como cozinhar, carregar e muito mais. O voluntariado por cá é algo normal e muito usual. Para mim, presenciar a dedicação do nova iorquino, que vai para além desta época, não só é inspirador como também muito motivador. A presença de um elo bem forte da humanidade, onde a cidade caracterizada pelo seu individualismo consegue também ser um exemplo de cooperação.
Enfim, a tradição ainda é o que era! Fico muito feliz de ter mais um Dezembro, mais uma época de Natal na minha outra cidade de eleição, mesmo sem o bacalhau e as azevias, de que tenho tantas saudades. Participar neste centro de energia do mundo, deste exemplo de inclusão e diversidade continua a ser, sem dúvida, uma aventura muito muito positiva. Obrigado, Nova Iorque e festas felizes para todos!
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 125 dias
Por aqui, nas notícias fala-se das nomeações de Trump para a equipa presidencial e da Rússia ter interferido nos resultados das eleições.
Sabia que por cá: 24 % dos nova iorquinos identificaram-se como não associados a nenhuma religião organizada.
Um número surpreendente: com 20 000 participantes com disfarces de Natal passearam pela cidade, no dia 10 de Dezembro, no famoso “Santa Con”.