Um novo ano começou, e nós desejamos que todos os dias de 2019 possam ser esse “dia inicial inteiro e limpo” que Sophia de Mello Breyner Andresen nos legou quando acordámos com a Revolução dos Cravos. As celebrações do centenário do nascimento da grande dama da poesia portuguesa contemporânea atravessam os próximos doze meses, e trazem novo foco sobre a vida e a obra de uma personalidade ímpar. Luminosa, rigorosa, aristocrata, humanista, matriarca amada, resistente ao fascismo, objeto de honrarias de Panteão, Sophia é um exemplo que merece ser recordado e seguido. Fiquemos já com uma cábula poética, um convite para reler a sua obra e enfrentar este ano de mudanças anunciadas: “Pudesse eu não ter laços nem limites/ Ó vida de mil faces transbordantes/ Pra poder responder aos teus convites/ Suspensos na surpresa dos instantes.”
O detox digital está na sua lista de resoluções?
Nas redes sociais há, seguramente, mais profetas do que poetas. Para muitos, chegou a altura de fazer uma pausa. Vânia Maia ouviu vários peritos sobre os perigos de estar sempre ligado e as razões de quem decidiu afastar-se do universo virtual, e minerou as estatísticas: “O Pew Research Center revelou, em setembro, que 42% dos adultos registados no Facebook fizeram uma pausa da rede social, ao longo de várias semanas, no último ano. Um quarto (26%) dos inquiridos apagou mesmo a aplicação do telefone. São os mais jovens, entre os 18 e os 29 anos, aqueles que mais optam pelo “delete” (provavelmente, migrando para outras redes mais cool). Em inglês, chamam-lhe JOMO (joy of missing out), ou seja, a alegria de não saber o que se passa, por oposição ao já conhecido FOMO (fear of missing out), a ansiedade provocada por não estar conectado.”
Do céu ao inferno, nas mãos do falso curandeiro João de Deus
Dizia fazer “cirurgias espirituais” e até convenceu Oprah Winfrey: o médium brasileiro João Teixeira de Faria é o protagonista do maior caso de abusos sexuais registado no Brasil. Até ao Natal, o Ministério Público já identificou 255 vítimas. Uma história contada por Rosa Ruela: “Aos 76 anos, com o seu 1,80m de altura, cordão de ouro, anel de esmeralda e o nome “John of God” bordado na lapela, João de Deus é uma espécie de xerife da terra, embora semianalfabeto. Filho de um alfaiate e de uma dona de casa, mais novo de seis irmãos, deixou a escola no 2.º ano para ajudar ao sustento da família. Em jovem, tentou o garimpo de ouro e pedras preciosas, e fez uns biscates como alfaiate do Exército. Era ainda menino quando previu uma grande tempestade, e adolescente quando teve a primeira visão.”
O regresso da caça à baleia
Mares vermelhos? O Japão alega que as populações de certas espécies já recuperaram o suficiente para permitir a caça controlada, e, a partir de julho, o país vai voltar a capturar cetáceos com fins comerciais, conta Luís Ribeiro, que escutou ainda Francisco Ferreira, presidente da associação Zero: “Há um lado simbólico muito forte. Ao capturarmos baleias, o maior animal do planeta, com um período de vida muito extenso, estamos a dar o sinal errado à proteção dos oceanos. Mas, mais do que isso, fragiliza a CBI e pode levar outros a sair. Do ponto de vista da conservação, está em causa o efeito político de bola de neve, mais do que o impacto direto da caça japonesa.”
Astérix regressa (novamente) ao ecrã
É como um verso aprendido na infância: Astérix nunca se esquece. O personagem chega ao cinema pela 14.ª vez, em O Segredo da Poção Mágica, a nova longa-metragem de animação, baseada na célebre série de BD de Goscinny e Uderzo, que se estreia em Portugal no próximo dia 10. Luís Almeida Martins escreve sobre o “mistério” da longa duração do êxito de Astérix: quase 60 anos de idade e transversal a várias gerações.
Escapadelas para marcar no calendário novo
Na VISÃO Se7e desta semana, sugerimos-lhe 19 hotéis e casas de turismo para começar, desde já, a planear as escapadelas do ano pelo País fora. Como este aqui, na estrada que liga a Comporta e Grândola. Na secção Comer do nosso suplemento, com sugestões para os tempos livres, também irá descobrir o nosso novo cronista: Kiko Martins, mais conhecido por Chef Kiko, passará a assinar uma coluna semanal de receitas e viagens.
O que dizem os nossos cronistas
“Há anos e anos conheci em Paris o escritor alemão Ernest Jünger, que tinha perto de cem anos. Disse-me
– Quanto mais envelheço mais futuro tenho
que me deixou de boca aberta. E, de facto, continuava a publicar, de olhinho brilhante faiscando ideias e projectos, até que um belo dia morreu e as ideias e os projectos sumiram-se pelo ralo abaixo consigo, deixando uma espumazinha de rascunhos que se foram evaporando na areia das páginas porque, a partir dos cinquenta, é o cavalo quem manda e tudo o que podemos fazer se limita a tentar equilibrarmo-nos lá em cima, ora pendurados de um lado, ora pendurados do outro, quase a cair, aflitos e precários, mais lentos, mais vagarosos, mais incertos.” A palavra de António Lobo Antunes
“Se Portugal fosse uma caravela a navegar no mar, para usar uma metáfora bem lusitana, António Costa e Mário Centeno teriam chegado ao leme no fim de uma violenta tempestade que quase a afundou”, adverte Mafalda Anjos
“Quando nasce? E os concertos? Então no Rock in Rio já estavas grávida? E em Paris? Sim… E ainda toquei no Brasil, em Barcelona e na Galiza, em Lisboa com o Sérgio Godinho, no Coliseu do Porto com os Xutos, fui ao México dar um último concerto, participei no Governo Sombra, e todas essas coisas com a barriga em riste. E sim, foi tudo com cuidado e autorização médica. E o álbum novo? Foi todo gravado com barrigão e sairá depois da licença de maternidade que darei a mim mesma”, conta Capicua
“É incompreensível que a indústria dos plásticos não tenha ainda fabricado um bolo-rei em PVC, para satisfazer o segmento de público para o qual a contemplação de bolo-rei é essencial mas a sua ingestão é dispensável”, pondera Ricardo Araújo Pereira