Heranças que põem famílias em pé de guerra

Diz-se que, na morte, pobres e ricos são iguais. Nas partilhas das heranças também devia ser assim, mas nem sequer é preciso haver muito património para pôr irmãos contra irmãos, pais contra filhos, padrastos e madrastas contra enteados. O direito sucessório é claro mas também é antiquado e desfasado da realidade. Por isso, a bancada do PS apresentou um projeto no Parlamento – o debate acaba de ser agendado para 3 de maio – que cria “uma válvula de escape” na lei. Se for aprovado, vai permitir casar ou voltar a casar-se sem que o cônjuge venha a ser herdeiro. Os filhos de anteriores ligações é que saem beneficiados.
Claro que o assunto não é pacífico e divide os juristas – uns gostariam que as alterações fossem mais longe, outros não aceitam que a “família conjugal” seja afastada da sucessão. Mas a lei, tal como está, também não ajuda a unir familiares desavindos. Na VISÃO desta semana, contamos histórias de abastados e remediados, e aconselhamos os leitores sobre a maneira de preparar a sucessão em vida. E damos exemplos de como as famílias ricas o fazem. Uns, a seguir – os Azevedo, Amorim, Mello e Champalimaud –; outros, a evitar – o caso dos Sommer, Feteira, Roque e Figueiredo.
Rui Rio com a cabeça a prémio?
Todos reconhecem que ela existe, mas ninguém assume que faz parte dela. É a oposição no PSD ao novo líder do... PSD. O José Pedro Mozos tomou o pulso à contestação interna a Rui Rio, alimentada pelas escolhas para a direção do partido e pelo distanciamento em relação à bancada parlamentar. Os jantares, as conversas e os recados da “malta” anti-Rio.
Lula, uma ideia à solta
O principal favorito a ganhar as eleições presidenciais no Brasil entregou-se às autoridades, no último sábado, para cumprir uma pena de prisão de 12 anos. A Patrícia Fonseca descreve como Lula da Silva viveu os últimos dias antes da detenção e os primeiros momentos num estabelecimento prisional de Curitiba, deixando um rasto de mensagens simbólicas aos seus milhares de apoiantes, como “a morte de um combatente não pára a revolução” ou este grito de liberdade: “Eu não sou mais um ser humano, sou uma ideia, e não tem como prendê-la.”
Proteger as nossas vidas
Preparámos um guia para proteger os seus dados pessoais em dez passos. Além do nome, morada e número de telefone, também a nossa informação clínica ou os nossos gostos e preferências culturais passam a ter de ser mais bem protegidos por quem os guarda – seja a pequena loja da esquina ou um gigante como o Facebook, debaixo de forte polémica. As novas regras são mesmo para cumprir, já que as coimas podem atingir os 20 milhões de euros, como nos conta o Paulo M. Santos.
Eles têm uma missão
Para celebrar a vida, a Margarida Vaqueiro Lopes esteve à conversa com a nossa designer de interiores mais premiada. Em pouco mais de uma hora, Nini Andrade e Silva, 56 anos, madeirense, autora de projetos por esse mundo fora, confessa que lhe sabe sempre bem poder ajudar os outros. E explica como o Design Center da Madeira e a Associação Garouta do Calhau, uma “ilha fora da ilha” para ajudar as crianças desfavorecidas do Funchal, faz parte do que diz ser a sua missão.
Já a missão de Richard Zimler parece ficar completa com a reedição do romance histórico Goa ou o Guardião da Aurora, com o qual o escritor encerrou a trilogia da Inquisição e o relato das agruras sofridas pelas várias gerações da família Zarco. Foi a oportunidade pela qual Joana Loureiro aguardava para falar com o escritor sobre a sua “tragédia grega” mas também sobre a sua fé nos homens. E já agora sobre a forma como este português por adoção se sentiu “traído” pelo governo anterior.
Como é habitual, na VISÃO Se7e, propomos-lhe um passeio pelo renovado (mas ainda não totalmente liberto de obras) Campo das Cebolas, entre a Baixa de Lisboa e o rio, e deixamos-lhe um retrato de quem por lá anda a abrir restaurantes, geladarias e lojas. Neste vídeo, o chefe José Avillez explica como trouxe a cozinha portuguesa para um bairro cheio de tradições que escolheu para abrir o seu 14º restaurante.
E ainda...
No futebol, o Rui Antunes conta-nos como a revolta do balneário do Sporting contra o presidente não é um caso virgem no desporto-rei em Portugal. E o Pedro Dias de Almeida dá-nos música com uma entrevista a Tó Trips e Pedro Gonçalves, os dois rapazes de Lisboa que formam os Dead Combo e que têm um novo disco para conhecer.
Todos ao festival
Antes da despedida, reforçamos o convite para vir celebrar connosco os 25 anos da VISÃO, no nosso festival VISÃO Fest, no Capitólio, no fim de semana de 21 e 22 de abril. O programa completo já está disponível no site da VISÃO. A fechar, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa será entrevistado por cinco jovens de 25 anos, numa conversa que se pretende descontraída sobre presente e o futuro.
Para terminar … a nossa opinião
“A verdade é que eu gostava imenso da fauna e da flora daquele bairro, de ouvir as pessoas, lhes fazer perguntas, conversar com elas, dos cães a quem os troncos proporcionavam um banquete de cheiros, do sujeito de bigode e patilhas a zangar-se com a empregada da capelista por uma questão de trocos, apelando-lhe à inteligência
– Ó flor pensa com a raiz”
António Lobo Antunes
“Lula tem, a partir de agora, a missão de demonstrar que não é o 'ladrão' que quiseram colar-lhe ao nome. Se o conseguir, engrandecerá o mito. Se falhar, deixará cravada mais uma ferida na esperança”
Rui Tavares Guedes
“Não é preciso ser especialista na matéria para saber que, no dossiê 'cultura' – como em todos os demais dossiês de política pública – se tem avolumado a tensão entre dois modelos de País e que essa tensão, mais dia menos dia, irrompe em protesto social”
José Manuel Pureza
“Tenho a certeza de que o caminho da sensatez é o que acabou por escolher Lula da Silva. E o caminho da sensatez é, neste caso, o caminho da prisão. É, apesar de tudo o que fica dito, no terreno da justiça que deve prosseguir a sua luta”
Pedro Norton
“Poderia ter pensado na minha condição de mulher do século vinte e um, que vai adiando a maternidade, enquanto olha para uma ampulheta gigante, cujos grãos de areia são os óvulos que se vão gastando por fecundar. Poderia cair na tentação de invejar os homens e a sua grande produtividade ao nível da matéria-prima. Ou a consequente descontração perante o relógio-biológico alheio. Mas não”
Capicua
“Imagino que um cidadão que seja salvo por uma ambulância cuja traseira não combina com o capô fique com a vida estragada. Não será preferível um falecimento digno a um salvamento foleiro? Faz falta um polícia da moda automóvel que ajude a responder a estas importantes questões”
Ricardo Araújo Pereira
Araújo Pereira