“Quanto mais pode a fé que a força humana”, escrevia Camões n’Os Lusíadas. O que quer que seja Fátima – e há, como se sabe, doutrinas, teses e opiniões muito diferentes –, algo é indiscutível: Fátima é um prodígio da fé. É mistério, devoção, comunhão e esperança. Uma fé nascida a 13 de maio de 1917, quando três jovens pastorinhos disseram ter avistado a “Nossa Senhora” em cima de uma azinheira, algures no meio da serra, numa zona rural e pobre do País. Neles acreditou primeiro o povo da região, depois as gentes de terras mais distantes, convenceram-se os párocos locais, e em pouco tempo a Cova da Iria virou local de peregrinação e culto de veneração mundial até aos dias de hoje, 100 anos depois.
O que quer que se tenha passado naquela data, cujo centenário agora se celebra, e a questão é daquelas insolúveis, Fátima é um fenómeno social inigualável em Portugal. Há poucos portugueses que por lá não tenham passado, milhares que lhe fazem promessas que cumprem devotamente todos os anos. Mais do que magia, se há coisa que se sente em Fátima é energia, sobretudo na sempre impressionante Procissão das Velas. Acredite-se ou não, um fenómeno poderoso acontece quando tantas almas, em conjunto, se unem para orar, louvar ou contemplar.
Por tudo isto, a VISÃO não podia deixar de dedicar um número especial a este acontecimento histórico e sociológico, quando se celebra o centenário dos avistamentos. A presença de Francisco, talvez o mais popular dos papas e o quarto pontífice a visitar o Santuário, é mais um íman que atrai os crentes neste dia especial. Espera-se um milhão de pessoas nos dias 12 e 13 de maio, numa gigantesca e desafiante operação logística e de segurança.
Nesta edição fora de linha (mais grossa e maior), procuramos dar o contexto histórico, a construção e a dimensão do fenómeno, explicando o papel da Igreja na legitimação dos acontecimentos e passando em revista os papas que canonizaram Fátima, com especial destaque para Francisco e João Paulo II, o que maior ligação tem a Maria e ao Santuário.
Tudo isto com a colaboração de jornalistas da especialidade – António Marujo, autor de mais de uma dezena de livros sobre temáticas religiosas – e de opinião reputada, como a de Tolentino Mendonça, José Miguel Sardica e Paulo Mendes Pinto, numa edição recheada de portefólios e fotografias mesmo memoráveis.
Razões de sobra para acreditarmos que esta é uma revista para guardar. Procure-as nas bancas!