A VISÃO faz anos. Vinte e quatro. E um aniversário é um momento para falar do passado. Ou do futuro. Para fazer balanços e promessas. Invariavelmente, para se falar do aniversariante, e ninguém nos levaria a mal se o fizéssemos.
Mas não foi isso que decidimos fazer. Esta edição de aniversário não é para falar de nós – é para falar de si. De Portugal e dos portugueses. De anónimos, de famosos, até de infames. Do passado e do futuro, pois claro, mas sobretudo do presente, o mais efémero dos tempos, e simultaneamente o mais eterno, o único que nos acompanha do início ao fim.
Assim reduzimos… Não, ampliámos os nossos 24 anos em 24 horas. Vinte e quatro horas na vida do País. De Famalicão a Portimão, entre Cascais e Moura, do padeiro ao professor de surf, da carvoaria à Fundação Champalimaud, do pastor Simão a passear ovelhas à uma da tarde ao Presidente Marcelo a ler documentos às duas da manhã, atravessámos Portugal para lhe fazer o retrato, hora a hora.
São 2 500 quilómetros de pequenas grandes reportagens – 24 – que juntam, lado a lado, as várias faces da mesma Nação. O País é tradição? Sim, mas também é tecnologia de ponta. Recebemos turistas? Sim, mas não deixamos de integrar refugiados. Temos startups que valem milhões de euros? Sim, mas não nos podemos esquecer que os sem-abrigo não desapareceram por isso. Portugal é azul do mar e verde das florestas, é campo e cidade, é peixe e carne, é o polícia e o ladrão, é pão e azeite, é tristeza e alegria, e, às vezes é as duas coisas juntas – que o digam os doutores palhaços da Operação Nariz Vermelho que visitam crianças no Instituto Português de Oncologia. Mas veja já, por si, alguns pedacinhos desse Portugal, neste vídeo, e neste, e neste, e ainda neste.
O resultado é uma montanha-russa de gente e sensações. Mas não são as 24 horas mais alucinantes que pode ler na revista – porque esta semana recordamos também histórias, de 24 horas, de 12 personalidades, recheadas de adrenalina, de desafios apaixonantes, de coragem, de mistério, de desilusão. Descrevemos a reunião de Ricardo Salgado com a família, quando o ex-líder do BES anunciou o fim da festa. Espreitamos os bastidores da crise provocada pelo “irrevogável” de Paulo Portas. Subimos com o alpinista João Garcia ao topo do mundo. Rezamos com Fernando Santos antes da final do Euro. Acompanhamos Ramalho Eanes no 25 de Novembro de 1975. E muito mais.
Vá para fora
Não parece, mas a primavera já começou. E, nesta edição especial, nas páginas dedicadas à VISÃO Se7e, que agora integram o corpo principal da revista, reunimos 24 boas razões para sair de casa e aproveitar a primavera em Lisboa e no Porto. Visitámos jardins, esplanadas, miradouros, terraços, parques infantis e zonas renovadas das cidades – como o Cais do Sodré, por exemplo, aqui retratado pelo repórter fotográfico Luís Barra.
E porque o mundo não cessa de rodar…
… Há atualidade para contar. Como toda a história da guerra pública e privada entre a procuradora-geral da República e Rosário Teixeira, o principal responsável pela Operação Marquês, que envolve José Sócrates. Uma guerra que “os arguidos agradecem”, como escreve a nossa jornalista Sílvia Caneco.
Fazemos ainda uma retrospectiva dos 60 anos do Tratado de Roma, que se comemora no dia 25 – olhando para esse momento histórico à luz da encruzilhada decisiva em que a União Europeia se encontra agora. Seremos nós, os cidadãos europeus, “ricos e mal-agradecidos?”, pergunta, logo a abrir a prosa, o Filipe Fialho, editor do Internacional.
A Luísa Oliveira entrevista o britânico Michael Mosley, médico, jornalista da BBC, autor de alguns dos maiores bestsellers, na área da alimentação, dos últimos anos – e feroz cruzado contra o açúcar.
E os nossos cronistas?
“A Esmeralda fingia acreditar nele, que remédio, porque a vida é isto: um vale de lágrimas sem ninguém com o seu nome”, escreve António Lobo Antunes.
“A moda que trago hoje à consideração de todos permanece confinada a uma classe profissional, mas talvez tenha potencial para contagiar uma fatia mais larga da população. Falo da multiplicação de entões”, diz Ricardo Araújo Pereira.
“Empresas como a BBC, a Vodafone, a Sky, o HSBC e a Hyundai, entre muitas outras, andaram a financiar atividades terroristas ou xenófobas sem o saberem, pelo facto de terem contratado campanhas de publicidade com a Google”, alerta a diretora da VISÃO, Mafalda Anjos.
Fora do papel
Eu sei que esta anteVISÃO é para lhe falar da revista. Mas esta semana comemorou-se o Dia Mundial da Poesia, e por isso não consigo deixar de fazer um desvio para sugerir dois vídeos: veja a atriz Núria Madruga a declamar Adeus, de Eugénio de Andrade, e Clara Riso, diretora da Casa Fernando Pessoa, a dizer Hoje de manhã saí muito cedo e Ah, um soneto…, dos heterónimos Alberto Caeiro e Álvaro de Campos.
O outro lado da VISÃO
Deixei para o fim o que me é mais próximo: os leitores. Para não comemorarmos sozinhos o aniversário, fomos falar, cara a cara, com alguns dos nossos assinantes e leitores mais antigos e leais. A família VISÃO. Conhecemos a Edite, a Margit, o João, o outro João, o Armando, o Karim, o Ademar – todos com ligações distintas à revista e, ao mesmo tempo, muito semelhantes na paixão pela leitura.
É para eles, para si, que vai este abraço. Espero que goste tanto de ler esta edição como nós gostámos de a fazer. Boa semana.
E parabéns.