Num jogo de loucos, com Cristiano Ronaldo em grande plano, Portugal estreou-se no Campeonato do Mundo da Rússia com um empate a três golos frente à Espanha. O capitão da Seleção puxou dos galões para liderar uma exibição coletiva personalizada, com alguns erros defensivos, é certo, mas também com muitos sinais de qualidade, bem acima do que se viu, por exemplo, no Europeu de 2016.
Há alma nova nesta equipa. A Seleção jogou olhos nos olhos com uma das principais favoritas à vitória final, esteve por duas vezes na frente do marcador e mostrou alma quando foi preciso recuperar da desvantagem.
Portugal entrou mandão no jogo. Moutinho, Guerreiro, William, Bernardo, Bruno Fernandes, Ronaldo, muita gente de nariz empinado, sem medo de um rival de respeito. Mal a Espanha tinha trocado a bola como tanto gosta e já Cristiano estava a ganhar o penálti com que abriu o ativo, logo aos quatro minutos. De Gea para um lado, bola para o outro.
Reagiu a Espanha, naqueles passes curtos em modo tiki-taka made in Barcelona de Pep Guardiola. Aos 10 e aos 21 minutos, David Silva surgiu em boa posição na grande área, mas falhou o alvo. Por cada ameaça espanhola, Portugal respondia em contra-ataques fulminantes, com Guedes, Bruno e Ronaldo a combinarem muito bem até ao golpe final, evitado no tempo certo pelo último reduto espanhol.
A meio da primeira parte, Diego Costa teve o primeiro lance com espaço e não perdoou. Primeiro desviou Pepe do caminho, com uma cotovelada no pescoço do luso-brasileiro não valorizada pelo videoárbitro (talvez pela fama agressiva dos dois intervenientes, mas a falta é indiscutível), e depois evitou com perícia José Fonte para fuzilar Rui Patrício.
Com o golo do empate, Portugal abanou e a Espanha cresceu ainda mais. Um tiro de Isco à barra, à passagem do minuto 26, fez a bola embater sobre a linha de golo. Sorte para Portugal. Logo de seguida, Iniesta apareceu solto em boa posição e o remate passou a poucos centímetros do poste. Adivinhava-se o segundo da Espanha, face ao recuo de Portugal.
Só que o futebol joga-se de um lado e do outro. E um lançamento de Cedric para Gonçalo Guedes, um dos mais nervosos, encontrou Ronaldo à entrada da área. A bola sobrou-lhe para o pé esquerdo e o capitão não se fez tímido. Saiu disparo na direção de De Gea, mas o guarda-redes espanhol não segurou e a bola acabou dentro da baliza, à beira do intervalo.
No regresso dos balneários, com o jogo muito dividido a meio campo, foi um livre frontal a fazer mexer novamente o marcador. David Silva cruzou longo, Busquets ganhou nas alturas a Guedes, e Diego Costa só precisou de desviar para golo, à boca da baliza. O jogo entrou em ritmo alucinante. Nem cinco minutos depois, aos 58, um ressalto na área portuguesa deixou a bola à mercê de Nacho, que num remate perfeito, sem hipóteses para Rui Patrício, colocou a Espanha, pela primeira vez, na frente do resultado.
Foi imediata a resposta de Portugal, com Ronaldo e Bernardo a assumirem as despesas. Bruno Fernandes, em queda, saiu para dar lugar a João Mário, com pouco mais de 20 minutos para jogar. Logo depois Quaresma rendeu Bernardo Silva. A Espanha recuou, Portugal acreditou e adivinhem quem apareceu: ele mesmo, Cristiano, fabuloso, de livre direto, sem dar direito a De Gea poder lançar-se à bola. Uma das melhores exibições de Ronaldo em fases finais – e não apenas pelos três golos marcados.
O carrosel espanhol tremeu e Portugal ainda acabou em cima do adversário, com Quaresma e Ronaldo a deixarem nuestros hermanos em sobressalto. Temos Seleção.
Ficha de jogo
Portugal: Rui Patrício; Cedric, Pepe, José Fonte e Raphael Guerreiro; William, Moutinho e Bruno Fernandes (João Mário, 68’); Bernardo Silva (Quaresma, 69’), Ronaldo e Guedes (André Silva, 80’)
Espanha: De Gea; Nacho, Piquet, Sergio Ramos, Alba; Busquets, Koke e Iniesta (Thiago Alcântara, 80’); David Silva (Lucas Vasquez, 86′), Isco e Diego Costa (Iago Aspas, 77’)
Golos: Ronaldo (4’ e 44’), Diego Costa (24’ e 54’), Nacho (58’)