Inteligência Artificial, estatística avançada, amplas bases de dados e perto de um milhão de simulações, este foi o modelo que uma equipa do Goldman Sachs aplicou para tentar prever como vai correr o Mundial de Futebol. No fim, a Matemática e as probabilidades não surpreendem: para a calculadora, o Brasil vai ganhar o sexto título de campeão do mundo de futebol.
O modelo estatístico para chegar a este resultado tem em linha de conta os dados individuais dos jogadores, os dados gerais da equipa, a performance recente de ambos os conjuntos em confronto e a capacidade de finalização nos últimos anos. Tudo isto aplicado no terreno tendo em conta os grupos sorteados que dão, de seguida, um possível caminho até à final.
No caso da equipa portuguesa, a estatística leva-nos até às meias-finais, em que seremos eliminados pela finalista Alemanha, mas depois de, na ronda anterior, termos ganho à Argentina de Messi.
Porém, além do torneio em si, o Goldman faz também uma análise em que cruza a economia de um país com o modelo possível de jogo da sua seleção. Pegando nas teses do economista David Ricardo, o banco olha para a economia nacional como uma aplicação das teorias da especialização: mais do que tentar concorrer em tudo, um país deve focar-se naquilo que faz melhor do que os outros, em termos de qualidade e de custo. Daí surge a natural tentação de transpor o fenómeno para o futebol: se temos na equipa o melhor do mundo, Cristiano Ronaldo, essa é a nossa vantagem competitiva que nos poderá dar uma hipótese melhor, certo? Mas não é tão simples assim.
“Depender da excelência de um jogador-estrela também deixa a equipa vulnerável a choques. Uma economia robusta tem um certo dinamismo e instituições fortes que garantem a capacidade de adaptação, com um custo relativamente baixo, a acontecimentos inesperados”, diz o Goldman. “Pode ser mais fácil para uma economia manter-se robusta perante choques do que para uma equipa de futebol. Se um choque afeta um setor (por exemplo se subirem as tarifas para a importação de produtos portugueses), os recursos podem ser realocados para outras áreas, especialmente se a economia for flexível e o choque não for demasiado severo”, acrescenta. Mas, e se Ronaldo se lesionar e não puder jogar várias partidas?
Ninguém se esqueceu de que Portugal venceu a final do Europeu de futebol sem a sua estrela e capitão em campo, depois de sair magoado logo no início do jogo mais importante da história da Seleção. O Goldman Sachs também pega nesse exemplo, defendendo que a melhor estratégia de Portugal não é aplicar a especialização, colocando toda a equipa a dar a Ronaldo as melhores condições para ele fazer a diferença. Pelo contrário, a receita será repetir o espírito do Euro. Um torneio em que Ronaldo não foi completamente decisivo e no qual Portugal venceu com base noutra receita: o espírito coletivo.
“Essa experiência sugere que, no fim, o sucesso no futebol está baseado tanto na atuação como numa equipa, em vez de numa especialização numa parte do jogo ou de um tipo de jogada. Se Portugal tiver sucesso no Mundial de 2018 será por ter conseguido funcionar enquanto equipa, mais do que por ter alavancado a prestação do seu ativo de classe mundial”, conclui o banco.