A deputada russa Tamara Pletnyova apelou às mulheres do seu país para não terem relações sexuais com estrangeiros “não brancos” durante o Mundial de futebol, que tem início esta quinta-feira, em Moscovo. O conselho da parlamentar do KPRF Partido Comunista – que faz formalmente parte da oposição, mas apoia as principais medidas de Vladimir Putin – foi deixado esta quarta-feira e, segundo Pletnyova, deve-se à possibilidade de essas mulheres acabarem mães solteiras e de as crianças virem a ser discriminadas.
A também presidente da comissão parlamentar para as Famílias, Mulheres e Crianças respondia a uma pergunta acerca dos chamados “Filhos dos Jogos Olímpicos”, que ficou célebre em 1980, quando Moscovo acolheu a competição, e o acesso a métodos contracetivos era particularmente difícil em território russo. O termo serviu para designar as crianças mestiças, concebidas entre mulheres russas e homens de outros países, sendo que muitas delas acabaram por tornar-se vítimas de discriminação.
“Temos de ter as nossas crianças. Estas crianças sofrem e continuam a sofrer desde os tempos soviéticos”, assinalou Pletnyova, em declarações à rádio Govorit Moskva, frisando, porém, não ser nacionalista. “Sei que estas crianças sofrem. São abandonadas, ficam cá só com as mães”, acrescentou. A principal questão, reforçou, prende-se com o facto de a maioria dessas mulheres acabarem por ficar mães solteiras e terem de enfrentar a pressão social. “Depois, essas raparigas vêm à minha comissão a chorar…”, lamentou.
Por outro lado, a deputada sublinhou que as relações entre mulheres russas e homens estrangeiros costumam acabar mal e defendeu que os cidadãos do seu país deviam casar-se “por amor, independentemente da sua etnia”.
Já outro deputado, Alexander Sherin, alertou que os estrangeiros que se deslocarão à Rússia para assistir às partidas do Mundial poderão levar vírus para o país, infetar os nativos e ainda fazer circular substâncias proibidas durante o torneio.