É o terceiro momento do programa de celebração dos 20 anos do Museu da Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva, depois de uma mostra evocativa em outubro do ano passado e de Sonnabend. Paris New York, que terminou em maio.
Dois retratos de 1930 – um de Vieira da silva (1908-1992) pintado por Arpad Szenes (1897-1985), e outro deste feito pela pintora – abrem o percurso expositivo. Realizados em Paris, onde os dois artistas se conheceram, casaram e viveram, constituem um convite para descobrir o seu universo pictórico década a década, as suas cumplicidades e singularidades. As suas obras vão estar em diálogo com as de artistas amigos ou que de algum modo influenciaram e marcaram o universo do casal.
É o caso de Jean Arp, Roger Bissière e Paul Klee, referências iniciais, dos seus muito admirados Jean Dubuffet, Joaquin Torres-Garcia e Mark Tobey; assim como de Nicolas de Staël, Germaine Richier, Hans Reichel, Zao Wou-Ki e Etienne Hajdu, da mesma geração, com quem tinham uma relação de respeito e amizade.
A exposição, que poderá ser vista nos próximos quatro meses, é organizada em estreita colaboração com a Galerie Jaeger Bucher / Jeanne-Bucher, de Paris, a galeria de Vieira da Silva, desde 1933, e uma das mais importantes representantes dos artistas abstratos dos anos 50 do século passado. Mostram-se obras raramente vistas no nosso país, do casal e pela primeira vez de alguns dos artistas seus contemporâneos, provenientes de colecionadores privados e museus nacionais e internacionais.
Um conjunto de obras e publicações de artista do KWY, um grupo constituído em Paris, nos anos 60, pelos portugueses Lourdes Castro, René Bertholo, Costa Pinheiro, João Vieira, José Escada, Gonçalo Duarte, o búlgaro Christo e o alemão Jan Voss, integra a exposição Um Realismo Cosmopolita, que , por outro lado, inaugura a 22 no Museu de Serralves.
Com curadoria de Catarina Rosendo, além das peças representativas do grupo na coleção de Serralves, a mostra apresenta ainda uma série de trabalhos de artistas portugueses e estrangeiros relacionados com o seu projecto editorial. Entre eles, António Areal, François Dufrêne, Raymond Hains, Bernard Heidsieck, Yves Klein e Jorge Martins.
Estabelecendo ligações com outras revistas artísticas desse período, como a Daily-Bul e a Sens Plastique , seus protagonistas e obras, no domínio do desenho, da pintura, da instalação e dos objetos, evidenciam-se os cruzamentos entre a Nova Figuração portuguesa e o Nouveau Réalisme, o espírito Fluxus, o grupo espanhol El Paso e as experiências letristas e da poesia sonora.
Sem manifesto artístico, ou programa teórico definido, KWY formou-se em torno da revista homónima, de que se publicaram 12 números, entre 1958 e 1964, refletindo as mudanças sociais e artísticas do tempo.