Ideias (JL)
Rotas da Seda: Para Além da Miragem
Contrariamente à crença popular, não existem registos históricos que mencionem explicitamente uma “Rota da Seda”, e atualmente são poucos os arqueólogos e historiadores que defendem o conceito na sua forma idealizada. Na verdade, a terminologia foi criada por académicos-aventureiros nos finais do século XIX e inícios do século XX
O ano de Kant
[Em Bona] pode ver-se uma exposição articulada em torno das três questões que Kant enunciou na Crítica da Razão Pura: ‘Que podemos saber? Que devemos fazer? Que nos é lícito esperar?’. Elas condensam-se na grande questão, sempre em aberto: ‘Que é o homem?’
A nova catástrofe europeia
O juízo de Eduardo Lourenço sobre os EUA foi-se tornando cada vez mais severo à medida que a sua militarização e o seu intervencionismo foram caracterizando a sua política externa
A política de ambiente antes da revolução de Abril
Para além dos horizontes legal e administrativo, o contributo das ciências convergiu na produção dos primeiros relatórios sobre o estado do ambiente. Portugal não passou incólume a este padrão genético
José Pacheco Pereira: O guardião de despojos
Possui um dos maiores arquivos da Europa feito, em grande parte, de “coisas a que ninguém dá importância”. A Ephemera tornou-se uma das mais importantes referências, um arquivo e uma associação com 700 associados e dezenas de voluntários, que lutam contra a extinção dos objetos e da memória, arquivando espólios variados e promovendo exposições. O trabalho do ex-deputado e cronista valeu-lhe agora o prémio Vasco Graça Moura, Cidadania Cultural. O JL visitou o arquivo, de que dá uma visão geral. Na edição em papel, entrevista com o seu criador e ‘guardião’ e o testemunho de um dos seus voluntários, o jornalista Fernando Correia de Oliveira
Os primeiros pontos de rutura no sistema-terra
Tal como nas macabras procissões de foliões que durante a Peste Negra medieval desafiavam a doença correndo para os seus braços, também nós pagamos para que nos afastem da visão lúcida do abismo mortal para onde encaminhamos a humanidade inteira
Ou somos exatos ou estamos vivos
O que se passa atualmente na política cultural em Portugal é inenarrável. Como é possível uma Direção-Geral das Artes e uma Câmara Municipal de uma das grandes cidades do país deixarem cair um festival como os Jardins Efémeros?
Na encruzilhada, escolhemos a estrada errada
Ao perdermos respeito pela Natureza, ao degradarmos o mundo, acabámos por mergulhar num abismo indefinido, onde também deixámos de ser dignos de respeito e nos passámos a tratar como pura e simples matéria de instrumentalização
Hubert Reeves: o acrescentador de azul
Como bem explica Reeves, quando olhamos para as estrelas, estamos a olhar para as nossas raízes cósmicas. Depois de o lermos, ficamos com uma consciência mais alargada do céu, que associamos ao azul. Ele acrescentou ‘um pouco mais de azul’ às nossas vidas
Curie: a família dos cinco Nobel
Outubro é o mês dos Nobel. Num prémio onde as mulheres são historicamente uma minoria, deve lembrar-se que a primeira mulher a ganhar um Nobel foi a física e química polaca Maria Skłodowska-Curie (1867-1934).
Noura Erakat: Lutar para viver
Ensaísta e jurista, a norte-americana Noura Erakat foi a última convidada do programa de Residências Internacionais de Escrita da Fundação Dom Luís. Nos últimos dois meses, esteve na vila de Cascais a preparar o seu segundo livro. Nele continuará a denunciar o regime de apartheid que vê em Israel, defendendo os direitos do povo Palestiniano. “Somos todos bons e temos de ter a imaginação para acreditar nisso. Mas quando vivemos no medo e na escassez tendemos a tornar-nos sociedades fechadas”, defende nesta entrevista
OEI: fazer a cooperação acontecer
Educação, Ciência e Cultura são os três grandes pilares da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI), que promove a cooperação entre a Europa e a América Latina há mais de sete décadas, e que passou a adotar também o português como sua língua, de par com o espanhol. O JL falou com Ana Paula Laborinho, diretora do escritório de Portugal, criado em 2017, que faz um balanço da atividade e fala dos projetos da OEI
Descolonizar o bicentenário da Independência do Brasil
Neste texto o autor, sociólogo com muito trabalho e obra publicada no Brasil, assim como noutros países sul-americanos (e nos EUA), defende uma tese, com largo curso em certos setores académicos e de pensamento de esquerda. Escrevendo, designadamente, que “descolonizar o bicentenário é partir de dois pressupostos”, sendo o primeiro “que o colonialismo não é uma condição do passado, é uma condição do presente. Com a independência do Brasil não terminou o colonialismo; terminou apenas um tipo específico de colonialismo – o colonialismo histórico, de ocupação estrangeira”
Brasil ou a outra face de nós...
O Brasil não é produto do acaso. Corresponde a uma convergência de fatores centrípetos e centrífugos, em que a economia, a natureza e o fator humano criaram condições para a afirmação de um território
O sintoma ficcional de Jesus
A brilhante introdução a um “ensaio em progresso” do autor, sobre o tema em título, a propósito, e a partir, de José Saramago e do seu romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, em cujo final “o escritor coloca na boca (ou na mente) de um Jesus crucificado uma afirmação tão arrasadora quanto espiritualmente iluminadora. Dirigindo-se aos homens e referindo-se a Deus, Jesus clamou: ‘Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que fez’”
Comemorações do 25 de Abril: (e/ou do 25 de Novembro?)
Sempre que nos aproximamos do dia 25 de Abril e das comemorações associadas à data, manifestam-se opiniões em vários sentidos, de que se deveria comemorar era o 25 de Novembro, de que se deveriam comemorar as duas datas e até que se poderiam comemorar conjuntamente, porque muitas pessoas estiveram nas duas – tese que parece excluir que outros estiveram só numa.