Três dos principais livros de autores portugueses a lançar nas Correntes d’Escritas já foram divulgados pelo JL, na passada edição 1104, de 23 de janeiro. Aí se deu capa a António Mega Ferreira, João Tordo e Luís Cardoso, autores, respetivamente, de Cartas de Casanova (Sextante, 208 pp, 16,60 euros), O Ano Sabático (D. Quixote, 2008 pp, 14,90 euros), e O Ano em que Pigafetta completou a Circum-Navegação, de Luís Cardoso (Sextante, 256 pp, 15,50 euros). Além de entrevistas com os escritores, publicámos também críticas às obras, de que recordamos alguns passos.
“O Ano em que Pigafetta completou a Circum-Navegação oferece, por um lado, sinais de continuidade dentro da obra do autor e, por outro, abre novos campos de exploração literária”, escreveu Isabel Moutinho sobre o romance de Luís Cardoso. Acrescentando: “É no plano narrativo que se entrelaçam os três fios essenciais do romance: o puramente fictício (a sandália narradora e o Pigafetta timorense), o tradicional e mítico (as crenças ancestrais timorenses) e o histórico (entre dois colonialismos).
Sobre os outros dois romances escreveu Miguel Real. A propósito de António Mega Ferreira disse: “Como nos romances anteriores, o permanente realismo de fundo é envolvido por um manto de timbre esteticista, que o singulariza. De novo, encontramos inúmeras referências bibliográficas da época citadas pelas personagens, algumas das quais, elas próprias, de caráter esteticista, como o próprio Casanova. (…) Os factos interessam-lhe apenas como inspiradores de uma visão estética do mundo”. E sobre João Tordo: “Releva-se no romance ora publicado a característica mais saliente da escrita de João Tordo: a sua prodigiosa capacidade narrativa, uma espantosa fluência sintática e morfológica absolutamente fora do comum, criadora de enredos surpreendentes”.
Capa e tema do JL número 1099, de 14 de novembro de 2012, Almeida Faria apresentará na Póvoa de Varzim a reedição de A Paixão (Assírio & Alvim, 224, 13,90 euros), romance que dá início à Tetralogia Lusitana, constituída ainda por Cortes, Lusitânia e Cavaleiro Andante. Comentando esse livro de 1965 e a generalidade dos livros do autor, Carlos Reis salientou: “A relevância assumida pela obra de Almeida Faria tem que ver também com o trabalho de linguagem que nela se leva a cabo (…). O tratamento de géneros narrativos canonizados e de certa forma datados (a epopeia, o romance epistolar, o romance de família) não se resolve, em Almeida Faria, numa atitude meramente epigonal, mas em processo de recodificação de géneros, com propósito e com efeito paródico e desmitificador”.