Surf, canoagem, bicicletas duplas, natação ou goalball (um desporto paralímpico) são apenas algumas das atividades desportivas do Camp Abilities Portugal, especialmente pensado para crianças e jovens com deficiência visual.
A segunda edição deste campo de férias inclusivo realiza-se nos meses de junho e julho e também dará especial destaque à dança.
O Camp Abilities foi criado há 21 anos nos Estados Unidos, tendo sido adaptado em Portugal, pela primeira vez, no ano passado.
“Dar a oportunidade a crianças e jovens com deficiência visual de experimentarem novos desportos, a que muitas vezes não têm acesso no dia-a-dia, é o objetivo deste campo de férias”, explica Rita Costa, diretora da Associação de Actividade Motora Adaptada (AAMA), e impulsionadora do projeto em Portugal.
No modelo norte-americano “as pessoas que acompanham as crianças e jovens com problemas de visão são jovens adultos, estudantes de educação física, educação especial ou fisioterapia, que querem ter a experiência de trabalhar com uma criança com deficiência visual”. Em Portugal, já não é bem assim.
Cada criança invisual é acompanhada por outra criança sem problemas de visão, de modo a criar uma relação “verdadeiramente inclusiva”, defende Rita Costa: “Quando a experiência é feita com adultos é inclusiva QB porque, na verdade, não têm ambos a mesma idade”.
Rita Costa trabalhou na colónia de férias nos Estados Unidos e garante que quando as crianças invisuais eram guiadas por monitores mais novos “a ligação era muito mais forte assim como a motivação com que os jovens com deficiência a visual faziam as atividades”.
A mentora do projeto em Portugal espera que “as crianças com deficiência visual tenham uma experiência muito rica em termos desportivos”, mas também tem expetativas relativamente aos jovens que os apoiem durante a colónia: “Espero que marque os jovens que venham ajudar, que os mude, e, tal como aconteceu no ano passado, espero que se tornem mais sensíveis ao tema depois de terem uma experiência positiva associada à deficiência”.
Em relação aos adultos de amanhã, continua Rita Costa, “a esperança é que sejam mais abertos, não só em relação à deficiência visual, mas também na aceitação das pessoas com deficiência de uma forma geral”.