Imagine viver num edifício onde foram plantadas cerca de mil árvores e mais de 10 mil arbustos e outras plantas. Onde sempre que vai para a varanda pode desfrutar de um sombreamento fresco e natural, que filtra sons e poluição e até atrai passarinhos.
Aquilo que começou por ser um sonho arquitetónico de Stefano Boeri é hoje uma realidade e uma atração na cidade de Milão, provando que o Bosco Verticale (Bosque Vertical), como foi batizado o projeto (e premiado como o melhor arranha-céus do mundo pelo Council on Tall Buildings and Urban Habitat), não só é viável como pode ser uma resposta das cidades para minimizar a sua pegada ecológica coletiva.
A este projeto já com quatro anos de existência, e que lançou o conceito das florestas verticais, sucederam-se outros em vários pontos do mundo que estão a revolucionar a paisagem urbana, trazendo esperança numa altura em que as alterações climáticas estão na ordem do dia. Entre os mais emblemáticos na carteira de projetos de Boeri, conta-se o que está a ser desenvolvido na China, o Forest City, na cidade de Lizhou. Aqui, numa área de 175 hectares, será construído um megaempreendimento para 30 mil pessoas, com zonas residenciais, comerciais e de lazer, todas elas cobertas de vegetação. Serão mais de 40 mil árvores e quase um milhão de arbustos a produzir 900 toneladas de oxigénio e a absorver 10 mil toneladas de CO2 por ano. Na Holanda, em Eindhoven, o atelier italiano estreou-se na habitação social para jovens, com o projeto Trudo Vertical Forest, que conta com mais de 5 200 arbustos e 125 árvores plantadas ao longo dos seus 75 metros de altura.
Já em obra desde o ano passado e com projeto assinado pelo atelier BIG (Bjarke Ingels Group) e Carlo Ratti Associati está aquele que será o segundo maior edifício de Singapura, com os seus 280 metros de altura. Localizada no coração do distrito financeiro da cidade, a torre com 51 andares terá 30 espaços de escritórios e 300 apartamentos, devidamente envolvidos em luxuriantes zonas verdes.
Atentos a um novo mercado de clientes ecologicamente informados, os promotores são cada vez mais sensíveis a esta verdadeira onda verde a envolver o betão. Outro exemplo recente vem de França, onde o arquiteto belga Vincent Callebaut ganhou o voto público num concurso internacional de design lançado para imaginar a vivência na cidade de Angers. O Arboricole, assim se chama o projeto, criou uma gigantesca “árvore habitável para millennials”, que combina as plantas e as energias renováveis para tornar o edifício o mais verde possível. Aliás, uma premissa-base em todas as florestas verticais é a combinação de painéis fotovoltaicos, energia eólica e sistemas de reutilização de água residual para rega, complementada por vegetação em abundância que cria um autêntico microclima com uma barreira acústica, solar e antipartículas de poeira.
Como realçam os defensores das florestas verticais e da arquitetura sustentável, porque não tornar obrigatórias as coberturas verdes em novos edifícios, tornando essas áreas arborizadas e disponíveis para pequenas hortas ecológicas dos moradores dos prédios? Em prol de um futuro mais verde.