O setor do imobiliário está em polvorosa e basta olhar para as gruas, andaimes e placas das imobiliárias nas janelas das casas para se perceber que o mercado está ao rubro a todos os níveis. As Estatísticas da Construção e Habitação divulgadas esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao ano passado traduzem precisamente isso – não só o número de fogos licenciados para construção nova (28,3 mil) aumentou 30,3% (+19,0% em 2017) como também as obras licenciadas para reabilitação de edifícios cresceram significativamente 11,7% em 2018 (-0,1% no ano anterior).
Só edifícios novos que ficaram efetivamente concluídos durante o ano passado um pouco por todo o país foram mais 13,5 mil, um acréscimo de 19% face ao ano anterior.
Novos, reabilitados ou usados, não faltou procura para tanta oferta, mais precisamente 178 691 habitações transaccionadas, “o que constitui o registo mais elevado da série disponível”, sublinha o INE, correspondendo a um acréscimo de 16,6% face ao ano anterior. De entre as transações realizadas, 85,2% respeitaram a alojamentos existentes.
O preço mediano do m2 também subiu em relação ao ano anterior – 996 €/m2 , um aumento de quase 7% . Mas três regiões excederam este valor: Algarve (1 523 €/m2 ), Área Metropolitana de Lisboa (1 333 €/m2 ) e Região Autónoma da Madeira (1 207 €/m2 ).
6 mil milhões de euros em três meses
E tudo indica que a dinâmica de vendas vai manter-se elevada. De acordo com os dados oficiais recolhidos pelo Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), no primeiro trimestre de 2019 transacionaram-se 43.826 alojamentos familiares, mais 8% do que em igual período de 2018. Sublinha a APEMIP que este resultado – traduzido em 6,1 mil milhões de euros (mais 12,9% que no período homólogo) – foi “o melhor primeiro trimestre desde que há registo”.
Ainda assim, quando comparado com trimestre anterior, o número de vendas registou uma quebra de 6%.
O presidente da APEMIP, Luís Lima justifica esta redução com o facto de existir ainda uma falta de correspondência entre a oferta (a preços demasiado elevados) para a procura que existe, maioritariamente assegurada pela classe média portuguesa.
“Grande parte da construção que está a ser feita é dirigida para um segmento alto, mas é preciso que haja entrada de casas novas no mercado dirigidas para a classe média e média baixa que são o segmento que mais dificuldades tem em encontrar habitação à medida das suas necessidades e possibilidades”, sublinhou Luís Lima, acrescentando que “só com a introdução de ativos no mercado, se poderá aliviar os preços e dar resposta às necessidades dos jovens e famílias portugueses”.