Foi propriedade dos Duques de Bragança, mais tarde o primeiro grande hotel a ser construído em Lisboa (o Hotel Bragança) e nos últimos anos ali funcionou a Universidade Livre. Adquirido recentemente pela Coporgest (Companhia Portuguesa de Gestão e Desenvolvimento Imobiliário, S.A), empresa com capital 100% nacional, o edifício datado do século XVI, foi reconvertido em residencial de luxo e é hoje o Duques de Bragança Premium Apartments, na Rua Victor Cordon, no Chiado.
A obra orçada em €18 milhões transformou o imóvel num empreendimento com 13 apartamentos e duas lojas, distribuídos por nove pisos, quatro dos quais abaixo do solo.
Refere a empresa em comunicado que “na sua reabilitação foi possível preservar os detalhes arquitetónicos da traça original”, como as fachadas do edifício, com destaque para a preservação dos vãos em forma de ogiva.
Os 13 apartamentos do novo empreendimento estão 100% vendidos, tendo sido comercializados por valores entre 700 mil euros (apartamento T1) e 6 milhões de euros (cobertura).
O projeto começou a ser desenvolvido em abril de 2016, com a aquisição do edifício pela Coporgest, tendo a obra sido licenciada em maio do mesmo ano e a construção a arrancar dois meses depois, como explicou Sérgio Ferreira, presidente da Coporgest na apresentação do projeto. Todo o projeto de arquitetura foi desenvolvido internamente pela Coporgest, bem como a comercialização das frações. A empreitada de construção ficou a cargo da UDRA.
Festas da realeza
Em termos históricos, o passado do imóvel confunde-se com as propriedades dos Duques de Bragança e as várias construções pré-pombalinas da baixa lisboeta. Quase totalmente destruído pelo grande terramoto de 1755, o edifício haveria de ficar em ruínas durante largo tempo. Na primeira metade do século XIX, ali se ergueu o primeiro grande hotel construído em Lisboa, denominado Hotel Bragança.
O edifício passou ao longo dos tempos por diversas funções. Inicialmente, foi construído como hospedaria e logo de seguida adaptado a hotel. Dizem as crónicas da época que custou “cem contos de reis” a construir.
“Durante décadas, o Hotel Bragança foi um dos melhores hotéis de Lisboa: tinha o estilo da época, com uma sala denominada imperial, forrada de damasco amarelo com mobiliário de damasco vermelho e amarelo, tendo em todas as poltronas e cadeiras as armas reais portuguesas esculpidas na madeira de espaldar”, conta-se no comunicado. “Entre as janelas existia um enorme espelho de moldura dourada e sobre o tremo grandes jarrões de Sèvres. No teto deste salão pendiam dois lustres para velas de cristal de Veneza. Nas paredes podiam-se ver vários retratos da família real portuguesa”.
Eram famosas as festas e receções do Hotel Bragança, onde se hospedaram muitos dos membros das famílias reais europeias e até mesmo japonesa e chinesa. Ali se realizaram também as famosas tertúlias do grupo “Vencidos da Vida”. Em 1915, o edifício passou a sede das Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade, que ali funcionaram até 1966. Mais recentemente albergou a Universidade Livre.
Mais 50 milhões de investimento em Lisboa
Além do Duques de Bragança Premium Apartments, a Coporgest prevê investir mais 50 milhões de euros a curto e médio prazo em três outros empreendimentos. Em comum, têm o facto de estarem todos localizados no centro de Lisboa e se destinarem ao mercado residencial do segmento elevado, naquilo que é uma das imagens de marca da promotora imobiliária portuguesa em termos de atuação geográfica e posicionamento.
Para dezembro está prevista a conclusão do Liberdade Premium Apartments, um empreendimento composto por 10 apartamentos e uma loja, sendo que a fração comercial e 8 dos apartamentos serão destinados ao mercado de arrendamento de média/longa duração. Com um investimento previsto de 6 milhões de euros, o imóvel tem uma área bruta de construção de 2.344 metros quadrados, dos quais 1.710 acima do solo.
No primeiro trimestre de 2021 ficará concluído o empreendimento Álvares Cabral, com um investimento estimado de 20 milhões de euros. O projeto, com uma área bruta de construção de 6.200 metros quadrados (dos quais 4.000 acima do solo) vai ter uma vintena de apartamentos.
Por fim, em dezembro de 2021, está prevista a conclusão do SottoMayor Premium Apartments, onde serão investidos 24 milhões de euros. O projeto contempla 43 unidades.