Há quatro anos, altura em que o mercado imobiliário começou a recuperar a sua dinâmica após a crise que afetou o sector, cerca de 50% dos ativos demoravam mais de 12 meses para serem vendidos. Apenas 9,63% eram transacionados em apenas três meses. No ano passado, consolidando uma tendência que acompanhou o regresso da confiança ao mercado e do crédito bancário, a relação inverteu-se: mais de metade das casas venderam-se em menos de três meses (52,94%) e apenas 2,94% se venderam em mais de 12 meses.
Os números foram revelados pelo gabinete de Estudos da APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária) que deixa, contudo, um alerta: “Este ano a expetativa das empresas de mediação imobiliária é de desaceleração nas transações, motivado pela escassa oferta do mercado imobiliário aliada aos preços elevados que retraem os potenciais compradores”. Ainda assim, estima-se que o grosso das vendas (47,11%) se concretize entre os 4 e os 6 meses. 30,08% dos ativos deverão ser escoados em 3 meses; 13,18% entre 7 a 9 meses; 6,54% entre 10 e 12 meses e 3,09% em mais de 12 meses.
A ‘culpa’ para esta redução da dinâmica imobiliária está associada à falta de stock imobiliário, mas também dos preços que estão a ser praticados no mercado. Quem o diz é o Presidente da APEMIP, Luís Lima que confirma as dificuldades que se começam a sentir no escoamento dos imóveis em carteira. “Não tenho dúvida de que em 2019 esta dificuldade vai adensar-se, aliás já se começa a sentir. A falta de oferta do mercado é um problema real, pois como já referi publicamente por diversas vezes, tem motivado a subida de preços, materializando aquela que é a lei da oferta e da procura. No entanto, a oferta disponível começa a ser completamente desadequada à procura existente”, sublinha.
O responsável lembra que os preços praticados são “absolutamente proibitivos para a classe média/média baixa”. Por outro, mesmo para uma classe mais elevada, “os preços elevados começam a retrair os potenciais compradores, que sentem que o mercado está demasiado quente, adiando assim o negócio”.
A solução, defende, “está na introdução de mais ativos habitacionais no mercado, sobretudo dirigidos para a classe média / média baixa, que permitam equilibrar a procura e a oferta existentes, mas também na adequação dos preços dos ativos”.
A questão da especulação é um tema que começa, aliás, a tornar-se recorrente junto dos operadores de mercado.
“Há uma tendência natural do proprietário em fixar um asking price elevado. No entanto, na altura de fixar um preço, é necessário considerar fatores como a localização, características e qualidade do ativo, que muitas vezes não estão a ser tidas em conta, o que leva a que os preços fiquem desfasados do real valor de mercado, fazendo com que os ativos fiquem mais tempo em carteira”, avisa ainda o responsável da APEMIP.