O acionista privado da TAP e dono do grupo Barraqueiro, Humberto Pedrosa, relativiza os pontos que levaram ontem o comentador televisivo Marques Mendes a lançar alertas sobre a situação da TAP. Diz que está “de pedra e cal” na companhia – a menos que haja “uma catástrofe,” e diz que a empresa está a viver “dores de crescimento.”
Este domingo, Marques Mendes considerou que os prejuízos da TAP até setembro são uma “calamidade,” que as sucessivas emissões de dívida são uma situação “muito preocupante” e que há “conflitos permanentes entre os acionistas” que poderão levar a substituições do parceiro privado internacional.
“Isso é o que se fala,” relativizou à VISÃO Humberto Pedrosa, que detém 50% do consórcio privado Atlantic Gateway, que por sua vez tem 45% da TAP. “Da minha parte não há qualquer alteração,” garantiu em declarações por telefone. “Do meu parceiro não sei, terá de falar com ele,” acrescentou, referindo-se ao norte-americano David Neeleman, cuja posição Marques Mendes sugeriu que pode vir a ser substituída por um investidor europeu.
O empresário português, que entrou no capital da TAP com a privatização de 2015, diz-se “tranquilo” e “de pedra e cal” na estrutura acionista da empresa, mas admite que numa situação extrema isso pode mudar. “Nunca se sabe o dia de amanhã. A não ser que haja uma catástrofe, um motivo assim tão repentino que obrigue a sair,” afirma.
As idas da TAP ao mercado em junho passado e agora em novembro com emissões obrigacionistas para refinanciar dívida da companhia, e os prejuízos da empresa (que, até setembro, totalizaram €111 milhões), também são vistas com naturalidade por Humberto Pedrosa, que as atribui a “dores de crescimento” da TAP.
“As idas ao mercado têm a ver com o processo de investimento, com a necessidade de ter cash-flow para investir. O crescimento rápido [da TAP] leva algum tempo a estabilizar. É uma situação transitória, vai passar,” confia.
Por outro lado, considera “natural” que a empresa tenha registado prejuízos no que já é conhecido de 2019. “Provavelmente o Estado esperaria que os resultados fossem outros,” admite. “São as dores do crescimento, com as rotas novas que se criaram. Deverá levar algum tempo a encontrar o equilíbrio. Para a frente há de vir a estabilidade. Estou tranquilo,” conclui o empresário.