“Portugal tem a sociedade mais liberal, tolerante e aberta de todas aquelas em que já vivi”, começaria por dizer Chitra Stern, fundadora do Grupo Martinhal. Nascida em Singapura, estudou em Londres e é hindu. “Para aguém como eu, realmente Portugal faz a diferença”, reforçou a gestora que partilhou a mesa com Oscar Herencia, CEO da Metlife Ibeira e Pablo Forero, CEO ddo BPI
Estas foram algumas das conclusões do painel de debates da conferência Portugal em Exame, “Liderar em Português”, que está a decorrer esta terça-feira, 13 de novembro no auditório da sede da EDP em Lisboa.
Para os três líderes, Portugal ganha não apenas pelo clima mas também pela capacidade que os cidadãos têm em acolher quem é diferente, em falar várias línguas estrangeiras e em conseguirem partilhar várias culturas diferentes da sua. “É um País muito bonito, com muita história, muito carácter, e falando desta oportunidade em concreto, com imenso potencial económico”, sublinhou Pablo Forero, referindo-se à aquisição do BPI pelo CaixaBank, em 2017.
O gestor mudou-se para Lisboa nessa altura, e confessa que a primeira coisa que percebeu foi que tinha que aprender a falar português “porque realmente o vosso sotaque…” atirou com uma gargalhada. Relativizou as dificuldades de gestão num país e numa língua que não são os seus, porque no BPI há “três ou quatro espanhóis numa equipa de cinco mil portugueses”, sinalizando que a cultura é inevitavelmente mais portuguesa. Além de que “aquilo com que nos preocupamos é com importar as melhores práticas financeiras, que são comuns a todos os paises do mundo. O comportamento dos clientes está a mudar tanto, os investimentos são tão caros que não podes repetir muitas vezes os mesmos investimentos”.
Para Oscar Herencia, a sua vinda para Portugal em 2012 foi uma oportunidade de crescimento enquanto gestor e enquanto pessoa. Aqui, justifica, “a cultura é muito diferente” e isso obrigou-o a perceber que “as coisas podem ser feitas de maneira diferente” daquela a que estava habituado em Espanha. “Tive que abrir a mente a isso. Foi uma forma de crescer de aprender. Aprendi a ser mais flexível numas coisas, aprendi que estamo muito perto uns dos outros [portugueses e espanhóis] mas que o carácter é muito diferente. Tive que adaptar o meu estilo…”, nota.
Com uma intervenção mais focada no investimento, Chitra Stern, que integra também a missão governamental “Portugal In”, salientou os esforços “dos sucessivos governos para implementar medidas que ajudem ao investimento”, bem como a evolução sentida nos 18 anos em que vive e investe em Portugal. “Inicialmente viemos para Portugal por um período de 5 anos. Entretanto já passaram 18. Estamos apaixonados por Portugal, adoramos o País, adoramos investir aqui. Vivemos, atualmente, tempos incríves em muitas vertentes. E posso dizê-lo com alguma tranquilidade, porque eu vivi os piores momentos de Portugal”, também. Todos os intervenientes aproveitaram para salientar a capacidade de recuperação de Portugal, mais visível depois da última crise financeira, que obrigou a um reposicionamento de muitas empresas e do próprio País enquanto produto atrativo.
Os três gestores salientaram ainda as boas ligações entre os vários pontos do País, que permitem ligar as diversas cidades em pouquíssimo tempo, a localização às portas da Europa e no eixo Europa, África e EUA. PAra além do facto de que a pertença à União Europeia é um chamariz para muitos investidores que pretendem diversificar a sua aposta.