Em 2006, André Ribeirinho nem era um grande apreciador de vinhos. Licenciado em Engenharia da Computação, desafiou dois amigos para criar aquela se se transformou na primeira rede social dedicada ao vinho, a Adegga. A ideia era, precisamente, descobrir vinhos através das preferências e experiências dos contactos de cada um dos utilizadores, numa plataforma inovadora que permitia o contacto entre consumidores e produtores.
Foram precisos apenas três anos para que o Adegga saltasse do online para o analógico, com o nascimento do Adegga Wine Market, um evento onde 40 produtores – preferencialmente pequenos – podiam dar a conhecer os seus vinhos a um público totalmente eclético, que pretendia uma relação menos snob com o mundo dos vinhos. E se em 2009 o evento aconteceu durante um sábado no Teatro Aberto, em Lisboa, hoje, quase dez anos passados, o Wine Market já ganhou mais um dia e até já tem réplicas no Porto, na Alemanha e na Suécia. O número de produtores não aumentou exponencialmente porque o objetivo é continuar a promover uma relação informal com expositores e clientes, mas foi ganhando novidades ao longo das várias edições.
É disso exemplo o Smart Wine Glass, uma tecnologia desenvolvida pela Adegga e é uma espécie de “copo com memória”. Com um chip integrado que reúne todas as características relevantes dos vinhos provados pelo seu dono, está depois associado a um endereço de email, para onde será enviada a informação sobre os vinhos que a pessoa provou – para além de dados complementares sobre os produtores.
Passado poucas edições tornou-se também claro que era importante ter comida no mesmo lugar do Wine Market – a relação entre vinho e gastronomia foi sendo desenvolvida com presença de uma ou outra empresa de catering, até que este ano a Adegga decide apostar em força num conceito ainda inovador em Portugal: o Adegga Wine&Food Festival vai juntar 60 produtores, 10 chefs e 500 vinhos, no total, no terraço do Pavilhão Carlos Lopes, em pleno coração da cidade de Lisboa.
A ideia é, para além das provas de vinho, permitir experimentar as harmonizações propostas por chefs como Joachim Koerper, Diogo Rocha ou André Magalhães. O palco Adegga vai ainda promover produtores, marcas ou chefs que queiram apresentar os seus projetos enquanto o Adegga Rising Stars dará a conhecer pequenos produtores de elevada qualidade.
No entanto, e segundo a organização, o ponto alto deste festival único de vinho e gastronomia é a “Mesa Mais Longa do Verão”, um jantar que tem como anfitrião Nuno Bergonse, antigo chef de restaurantes como Pedro e o Lobo. Bergonse irá elaborar um menu exclusivo de produtos nacionais para uma mesa única de 50 pessoas.
Aqui vão estar em destaque produtos como o pão da Gleba ou os legumes da Fruta Feia. As bebidas devem ser trazidas pelo público, de forma a que possa escolher que vinho quer beber. No entanto, a Adegga garante que levará algumas garrafas de vinho surpresa para animar o jantar.
Para Ribeirinho, esta Mesa quer ser “uma proposta gastronómica sustentável, num lugar especial e num ambiente de celebração”. Em comunicado enviado às redações, o Chief Wine Evangelist afirma ainda que “o Adegga Wine & Food Festival assume-se como um evento de verão que apresenta os melhores produtos e marcas de qualidade e que simultaneamente proporciona uma experiência gastronómica com alguns dos principais nomes nacionais da área num contexto descontraído”.
André Ribeirinho transformou-se entretanto numa das vozes mais respeitadas do panorama nacional e internacional no que diz respeito a vinhos, e não há enólogo, produtor ou responsável que rejeite o contributo do Adegga – que conta ainda com André Cid e Daniel Matos – na divulgação do vinho nacional e na tentativa de aumentar a percepção de valor da produção portuguesa.