No ano passado a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) recebeu 1 384 reclamações, a grande maioria das quais (78%) respeitaram a ações e obrigações. Em concreto, mais de metade (51%) corresponderam a obrigações, refere o relatório de atividade e contas do regulador do mercado, divulgado esta quarta-feira, 20 de junho.
A maior representatividade dos títulos de dívida nas reclamações entradas poderá estar relacionada, segundo aquela entidade, com o facto de estes instrumentos financeiros se terem afirmado nos últimos anos como alternativa às aplicações financeiras tradicionais, já que o ciclo de juros baixos torna outros instrumentos considerados mais seguros – como os depósitos a prazo, protegidos pelo fundo de garantia de depósitos – menos atrativos.
Perante este cenário de baixa rendibilidade nos depósitos também as ações têm sido “em alguns casos” alvo de procura, “sem que os investidores tenham efetiva noção de que ficam expostos a certos riscos,” como o de crédito e de mercado, lê-se no documento.
Apesar de as obrigações serem consideradas produtos financeiros simples, a CMVM admite que as prioridades e procedimentos de supervisão têm sido reponderados para “prestar especial atenção às práticas de distribuição de instrumentos não complexos”, que não costumavam estar associados a um “grau de risco elevado.”