Portugal não está indiferente a este movimento e assistimos a festivais espalhados pelo país de lés a lés, com excelentes propostas de line-up, em maravilhosos locais nunca antes falados e visitados – um novo conteúdo, o turismo musical, a atrair turismo nacional e internacional.
Por um lado, o negócio da música mudou radicalmente, passando do CD para o streaming, onde a competitividade das várias APPs a degladiarem-se para atrair a atenção dos consumidores, leva à prática de preços ridiculamente baixos, comparativamente aos antigos preços elevados dos CD, reduzindo drasticamente as margens da atividade.
Para colmatar, os artistas estão a produzir cada vez mais música, mais discos e mais tours. É na música ao vivo que maioritariamente todos os intervenientes, artistas, managers, agentes e editoras vão neste momento buscar a maior rentabilidade da atividade.
Por outro lado, assistimos neste momento a um boom de produção musical a nível mundial como nunca antes visto. As novas tecnologias facilitam bastante, através de computadores, aplicações e softwares que numa fase inicial de estudo, composição e pesquisa, substituem instrumentos. Até na música assistimos ao “do it yourself”. Claro está que a maioria não presta, mas no meio de milhares pelo mundo a criar há também muita coisa boa a sair e apresentar-se no maior palco ao vivo: o Youtube. De repente, alguém em qualquer parte do mundo põe um vídeo no Youtube e surpreendentemente consegue milhões de views em pouco tempo, e tornando-se numa superstar a nível mundial. Dali a um ano já está com os holofotes apontados, têm contratos com editoras, tornaram-se cabeças de cartaz nos festivais mais importantes do mundo. Num ápice pode ser assim!
Na ótica do público, este consome cada vez mais música do que nunca nas várias plataformas online e redes sociais: youtube, soundcloud, itunes, spotify, facebook, instagram, etc.
Acresce ainda o facto da overdose da vida virtual e digital a que todos estamos sujeitos hoje, desprovida de qualquer humanização, contraria a natureza dos seres humanos, uma vez que somos um bicho social, e é-nos fundamental o convívio. Por isso hoje em dia o espaço por excelência de encontro e convívio entre artistas e público é sem dúvida o festival, onde em três ou quatro dias um bom lote de artistas e público se cruzam para apresentar e ouvir o que de melhor se está a fazer.
A ocorrerem com maior intensidade os festivais abrem portas para receber milhares de pessoas, conjugando zonas de lazer, praia, lagoas ou parque de campismo, promovendo o dois em um, o pack férias: música e amigos.
A moda das APPs não poderia estar indiferente a este fenómeno e até existe uma aplicação que ajuda a encontrar o festival ideal através da conta de Spotify “Find Your Festival”, que vale a pena espreitar.
Os cartazes dos festivais, os destaques do estilo de música, vão para o Pop e o Rock. No entanto o Hip Hop está a ocupar cada vez mais um lugar no topo da lista da programação, a música alternativa e a música eletrónica também igualmente conquistam mercado, isto tudo porque quem manda são os espetadores e os promotores, e a este fenómeno não podem estar indiferentes.
Trazendo o tema dos festivais para o nosso território, tal como acontece no resto do mundo, atualmente Portugal pode-se considerar um país de referência pelos festivais que tem em cartaz, tendo em conta a excelente programação musical, variedade de palcos, e os espaços diferenciadores e até inusitados que são escolhidos. Neste momento existem mais de 200 festivais de música por todo o território, produzidos ou por promotores particulares, ou associações, ou câmaras municipais, enfim, todos descobriram que o fenómeno da música atrai público jovem às cidades, vilas e concelhos, promovendo-as, tornando-as mais jovens e no fim do dia gerando mais negócio a todos.
Por um lado, temos os festivais de grande dimensão como o Meo Sudoeste, o Superbock Superock, o Nos Alive, o Meo Marés Vivas, o Rock In Rio, o Nos Primavera Sound, o Boom Festival, o Vodafone Paredes de Coura. Todos eles com pelo menos três dias de programação e alguns até mais, grandes áreas, com vários palcos e diferentes atividades e uma vasta programação, em que nos palcos as atuações de artistas são em simultâneo e muitos deles com opções de campismo, shuttles de transporte para as cidades/vilas, ou praias, enfim, a disputa pelo melhor serviço ao cliente começa-se a sentir.
Os de média dimensão que também oferecem um cartaz bem menor, mas de valor, com algumas atividades e pelo menos com 2 palcos e algumas tendas de música, são exemplos: Festival MED, EDP Beach Party, Sumol Summer Fest, Musa Cascais, FMM – Festival Músicas do Mundo em Sines, O Sol da Caparica, EDP Vilar de Mouros, ou Neopop, entre outros. Ainda na categoria de média dimensão, mas com outro formato e conceito há o EDPCOOLJAZZ, que diria que é um anti-festival. Composto por 7 noites distintas, em Cascais no Hipódromo e Parque Marechal Carmona durante o mês de Julho, com um único palco e uma plateia de cadeiras, em que o público compra e reserva o lugar na plateia pretendida. Uma proposta para um público mais exigente, mais velho, que privilegia o conforto, a natureza, os espaços e o contato próximo com os artistas. Um festival que aposta na fusão de sonoridades, passando pelo Blues, Soul, Jazz, e Funk.
Como há para todos os gostos, também os festivais de pequena dimensão têm a sua importância, a sua funçãoe o seu público, seja por ser uma música mais de nicho, ou por serem indoor, ou por pretenderem ser mais cosy. Apontaria alguns deles que considero alguns dos que têm mais personalidade: Lisboa Dance Festival, Caparica Primavera Surf Fest, Tremor, North Music Festival, Braga Groove, Douro Rock, Festival Bons Sons, Forte, Eminente, Festival Nova Batida.
Festivais de grande, média e pequenas dimensões, em locais mágicos a descobrir, e que todos, no seu conjunto, estão a transformar Portugal na meca da música internacional.