A cadeia internacional de brinquedos Toys ‘R’ Us defende que a operação em Portugal e em Espanha é viável apesar do encerramento das lojas da marca nos Estados Unidos e do pedido de insolvência da empresa que gere o imobiliário da rede na Península Ibérica.
A convicção de que a venda das lojas tornará a operação rentável foi deixada esta quarta-feira, 21 de março, pela administração da Toys’R’Us Iberia aos sindicatos em Espanha, horas depois de ser conhecida a decisão de pedir a insolvência da sua filial imobiliária, a Toys’R’Us Iberia Real Estate.
“A direção da empresa transmitiu a sua convicção de que, sendo rentável em Espanha e Portugal, a empresa será viável assim que encontre comprador, uma possibilidade que acredita que poderá materializar-se nos próximos meses”, disse fonte da central sindical espanhola UGT depois do encontro com a administração.
Na reunião, a filial ibérica garantiu que a empresa em Portugal e Espanha tem uma situação económica saudável e sem dívida, que já foram iniciados procedimentos tendo em vista a sua venda e que a insolvência da unidade imobiliária é uma medida de proteção dos ativos – 26 imóveis no total.
A administração sustenta ainda que as lojas permanecerão abertas ao público. “O resto das sociedades do Grupo Toys’R’Us Iberia mantém as suas atividades com normalidade,” assegura em comunicado.
Lojas fecham nos EUA, empresa procura novos donos
Na semana passada a empresa anunciou que encerraria todas as 735 lojas nos Estados Unidos e Porto Rico, avançando para a liquidação das suas operações – o que ameaça milhares de postos de trabalho – e para a possível venda da operação em mercados como Portugal.
Na altura foi garantido que as operações internacionais – Austrália, França, Polónia, Espanha e Portugal – continuariam a funcionar até que fosse encontrada uma solução, que pode passar pela venda a outros investidores.
Em Portugal a rede tem nove lojas (quatro na Grande Lisboa, além das de Coimbra, Aveiro, Gaia, Matosinhos e Guimarães), a que se juntam mais de três dezenas em Espanha, segundo dados do site oficial da empresa.
A concorrência de gigantes do consumo online, como a Amazon, dos descontos de retalhistas como a Walmart e da menor preferência das crianças por brinquedos vieram degradar as contas da empresa nos últimos anos. Segundo a Bloomberg, o facto de a época de Natal passada não ter corrido tão bem quanto estava previsto e de a Toys “R” Us ter começado a falhar pagamentos a fornecedores nos últimos dias acabou por impossibilitar a recuperação da companhia e desencadear a decisão de liquidação nos EUA. A presença no Reino Unido também será descontinuada.
A Toys ‘R’ Us está em conversações com potenciais interessados para a venda de até 200 das lojas com melhor desempenho nos EUA, em conjunto com a operação no Canadá. A Bloomberg refere que um grupo liderado pela MGA Entertainment fez entretanto uma proposta pelas lojas deste mercado e que está a analisar lojas nos EUA.
A empresa tem às costas cerca de 5.000 milhões de dólares em dívida, parte da qual respeita aos 7.500 milhões de dólares levantados em 2005 pela Bain Capital, KKR & Co. e pela Vornado Realty Trust, quando compraram a companhia.
Em setembro do ano passado a empresa tinha quase 65 mil funcionários e quase 2.000 lojas (entre estabelecimentos próprios e licenciados) em 38 países.