A Fábrica de Fiação e Tecidos Rio Vizela, a primeira têxtil do vale do Ave, abriu as portas imponente, com os seus quatro andares, mais sótão e 300 metros de comprimento, em 1845, em Negrelos. Chegou a ter três mil operários, quase todos mulheres, mas os lugares de chefia eram dos homens. Por essa altura, nesta indústria elas começavam ainda crianças, chegavam a fazer jornadas de 14 horas nos meses de verão, iam trabalhar com as suas saias compridas, que se enrolavam facilmente nas tiras de couro da engrenagem hidráulica, sofriam acidentes graves, muitas vezes mortais.
O relato de Lopes Cordeiro, coordenador científico do Museu da Indústria Têxtil, em Famalicão, não esquece que o inquérito ao estado da indústria em Portugal em 1813, logo após as Invasões Napoleónicas, encontrou já 11 empresárias no Porto, 10 das quais no têxtil e oito delas viúvas. São apenas a exceção à regra do operariado feminino na fiação, na tecelagem, nos acabamentos, na costura, a que se somava muito trabalho doméstico com a roca de fiar.
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