Em 2012 publicou um livro a dizer que já não havia nenhum G7 ou G8 (com a Rússia) ou G9 (mais a China) a mandar no mundo, o que chocou muita gente. Simbolicamente, batizou o período de transição como “GZero”. Agora, este ano, em Davos, avisou que finalmente entrámos em recessão geopolítica. O que mudou em cinco anos?
A recessão geopolítica tem vindo a aproximar-se já há algum tempo. Há muitas razões para isso: na frente económica, a ascensão dos mercados emergentes e particularmente da China; a explosão do Médio Oriente; a ascensão do populismo na Europa, e o revisionismo da política da Rússia na frente de segurança externa. Essa nova situação estava a tornar-se cada vez mais evidente a cada ano que passava, desde 2012. Mas com o choque da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos a era da pax americana acabou oficialmente. Foi um golpe súbito em cima de todas essas tendências anteriores. Com a retórica antiglobalista e unilateralista de “América primeiro” de Trump oficialmente entrámos nesse tipo de recessão.
O que significa recessão geopolítica?
É o equivalente geopolítico do que ocorre também no sistema económico mundial. Trata-se de um período de colapso no ambiente geopolítico internacional. As recessões económicas acontecem com maior frequência – a cada seis ou sete anos, em média, desde a Segunda Guerra Mundial. Os ciclos geopolíticos são muito mais longos e, portanto, os períodos de prosperidade e de queda são mais raros. Desde
1945 que vivemos um ciclo de boom. Agora começámos o declínio. A questão é se vai ser apenas uma recessão geopolítica ou se evolui para uma depressão geopolítica. A última vez que tivemos um período de recessão geopolítica… entrámos na Segunda Guerra Mundial.