Álvaro
Esta aldeia, que pertenceu outrora à Ordem de Malta, esconde um notável património religioso
A aldeia de Álvaro estende-se ao longo do viso de uma encosta sobranceira ao rio Zêzere, acomodada na albufeira do Cabril. É uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. Isto não significa que o material de construção predominante não seja o xisto. Apenas que a esmagadora maioria das fachadas dos edifícios está rebocada e pintada de branco, apresentando, aqui e ali, vãos de cores garridas. Rica em património religioso, a aldeia foi outrora uma importante povoação para as ordens religiosas, nomeadamente a Ordem de Malta, que deixou inúmeros testemunhos da sua presença. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista.
Aos pés da aldeia, estende-se a albufeira da barragem do Cabril e as suas infraestruturas fluviais, um lugar para ir a banhos ou simplesmente para se apreciar a paisagem ondulante de montes e serras que se alonga até à Estrela. A malha urbana desenvolve-se quase linearmente ao longo de três arruamentos principais.
No património religioso de Álvaro contam-se sete capelas – Santo António,
S. Sebastião, Nossa Senhora da Nazaré, Igreja da Misericórdia, S. Gens, Nossa Senhora da Consolação e S. Pedro, das quais cinco estão situadas dentro da povoação e duas na zona envolvente. Existem ainda mais dez capelas na freguesia de Álvaro e no interior de cada uma delas guarda-se um admirável acervo religioso. Em redor da aldeia, os caminhos ostentam inúmeras alminhas.
A ver
Igreja Matriz de São Tiago Maior
Fonte de baixo
Fonte de mergulho, toda em xisto e com reboco antigo, provavelmente do séc. XVI.
Edifício da Junta de Freguesia
Implantado no local dos antigos Paços de Concelho, de quando Álvaro foi vila. Esse edifício foi demolido e no seu lugar construída a escola primária, que aí funcionou até à abertura do novo edifício, no tempo do Estado Novo – altura em que foi reconvertido passando a albergar a sede da Junta de Freguesia.
Antiga escola primária
Edifício construído na época do Estado Novo ao abrigo e segundo o modelo regional estabelecido pelo denominado “Plano das Construções”.
Edifício da antiga padaria
José Rosa e esposa – antigos habitantes de Álvaro e importantes beneméritos da Santa Casa da Misericórdia – adquiriram o edifício a um antigo padeiro da aldeia. O edifício mantém-se interior e exteriormente como um elemento de arqueologia industrial na povoação.
Capela de Santo António
Localizada no extremo poente da aldeia, data do séc. XVII. É um templo de planta quadrada, alpendrado, com contraforte do lado norte que tem no topo uma sineirita. Portal em xisto.
História
Álvaro terá sido fundada na linha de defesa contra os mouros, em local estratégico de passagem do Zêzere.
Natureza
Os meandros do rio Zêzere, um dos geossítios do Geopark Naturtejo classificado pela UNESCO, transformam este local num dos mais belos vales fluviais portugueses.
A mata de Álvaro sempre teve um valor excecional, nomeadamente como amostra da vegetação espontânea de natureza climática ali existente. Pelas encostas íngremes circundantes são evidentes as monoculturas de pinheiro-bravo (pinus pinaster), mas é a oliveira (olea europaea) que se apresenta como um elemento marcante da paisagem rural.
A origem do nome
Apontam-se duas hipóteses. Segundo algumas fontes, um criado de nome Álvaro Pires terá ficado encarregue de defender e povoar o sítio, o que terá dado nome à povoação. Por outro lado, álvaro em português arcaico significava álamo ou choupo-branco, espécie característica de zonas ribeirinhas. Certo é que álvaro surge noutros topónimos das proximidades
Barroca
Nesta aldeia, continua a respirar-se um ambiente rural, pautado pelos seus ciclos agrícolas
A parte mais antiga da Barroca está implantada ao longo de um pequeno morro, ladeado por duas linhas de água profundamente cavadas, formando um conjunto perpendicular ao curso do Zêzere, com o qual confina.
A Casa Grande, antigo solar do séc. XVIII, é onde hoje funciona o Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto.
A paisagem circundante é enquadrada pelo pinhal e pelas pirâmides das escombreiras da Lavaria do Cabeço do Pião, que já pertenceram às Minas da Panasqueira.
No caminho que leva à beira do Zêzere descobrem-se antigos moinhos que laboravam com a força do rio. O espelho de água e a paisagem impõem um momento de pausa, antes de se atravessar a ponte pedonal para a outra margem e descobrir as gravuras rupestres que os nossos antepassados ali deixaram gravadas na rocha há milhares de anos.
A Casa Grande também alberga um Centro de Interpretação deste património e desafia-nos a percorrer a Rota da Arte Rupestre do Pinhal Interior.
A aldeia possui um conjunto de construções periférico, mais ou menos disperso, edificado nos últimos 30 anos do séc. XX. Na praça central da sua malha urbana, destaque para a parte antiga da aldeia, essencialmente estruturada por três ruas, ligadas por várias ruelas.
O material de construção predominante é o xisto, embora uma parte significativa das fachadas dos edifícios esteja rebocada e pintada, principalmente de branco. Existe um número significativo de construções aristocráticas dos séculos XVIII e XIX, de maiores dimensões, integralmente em xisto, facto pouco comum na rede das Aldeias do Xisto.
Na aldeia pisam-se pavimentos em seixos rolados, mas junto ao rio encontramos as lajes de uma antiga calçada medieval. Nas ruas compactas, as casas possuem por vezes passadiços ao nível do primeiro andar e deixam adivinhar, nos seus pequenos detalhes, a vontade de conferir emoções à construção. Fora do perímetro da aldeia, as construções dedicadas aos trabalhos do campo pontuam caminhos de terra batida, entre as pequenas propriedades disseminadas pelas encostas. Através de passadiços e de belos percursos à beira-rio alcançam-se achados arqueológicos que poderão existir há mais de 12 mil a 20 mil anos.
A este património juntam-se belos exemplares religiosos como as capelas de Nossa Senhora da Rocha, São Romão, São Roque e Nossa Senhora da Agonia.
A ver
Lavadouro
Com traços arquitetónicos da época do Estado Novo.
Chafariz dos Namorados
Equipamento em granito, datado de 1915.
Fonte Ribeira da Bica
Equipamento em granito.
Cantinho dos Palermas
Ponto de encontro, ironicamente batizado pelos habitantes.
Capela de Nª Srª da Rocha
Instituída pela família Fabião.
Capela de S. Romão
Na padieira do portal encontra–se gravada a data 1720.
Capela de Nossa Senhora da Agonia
Templo de 1713.
História
Graças à atividade no couto mineiro da Panasqueira, o séc. XX trouxe trabalho e riqueza. Com o fim da II Guerra Mundial, a atividade mineira reduziu-se drasticamente. Muitos procuraram o futuro noutros horizontes. Os que regressaram já no final do século, edificaram as construções que circundam a velha aldeia.
Natureza
A densa e diversificada mata ribeirinha, que reveste as margens do Zêzere a montante do açude, serve de abrigo à lontra que, ao fim do dia, corre agitada sobre as pedras que emergem no rio ou desliza suavemente sobre a superfície das suas águas tranquilas.
A origem do nome
O nome Barroca pode estar relacionado com várias origens: numa das versões do Portugalliae, de Fernando Álvaro Seco, datado de 1600 – tido como uma das primeiras representações cartográficas da totalidade do território continental português – encontra-se Abaroqua na localização da atual Barroca.
Janeiro de Baixo
A aldeia estabeleceu-se sobre uma extensa saliência da margem direita do Zêzere
O Zêzere encontrou aqui, no seu curso, um duro obstáculo rochoso que teve de contornar. Um moinho escavado na rocha saúda a sua chegada. Ali à frente podemos desfrutá-lo no parque de campismo ou na praia fluvial com o seu extenso areal. O núcleo central da aldeia, a sua igreja e capelas sentem a envolvência do rio. A povoação viu crescer as casas num padrão irregular, ajustadas da forma mais conveniente aos declives do terreno. As paredes dos edifícios, em alvenaria argamassada, sofrem de idade avançada, e as remodelações introduzidas, em muitos casos pela mão do povo, deram nova vida a Janeiro de Baixo. Muitas fachadas dos edifícios estão rebocadas e pintadas, a maioria recorrendo a cores tradicionais. Dentro da aldeia há todo um conjunto de pontos de interesse, desde o património religioso e arquitetónico, passando pelas recentes infraestruturas para acolher os visitantes, até à curiosa memória do “Tronco”, lugar onde antigamente se ferravam os animais.
A ver
Fonte de mergulho
Monumento, datável do séc. XVIII, construído em xisto.
Capela de São Sebastião
Templo singelo, próximo do Largo da Igreja, com alpendre recente, em estrutura de madeira.
Alminha
Construída em xisto, na Rua do Outeiro, à entrada da aldeia.
Moinho escavado na rocha
Ruínas de azenha e moinho junto ao Zêzere.
História
Os testemunhos arqueológicos existentes nas proximidades – nomeadamente, um túmulo antropomórfico – remetem o povoamento do local para a Alta Idade Média, relacionando-o com a atividade relativa à mineração do ouro. Em 1320 aparece referenciada no arrolamento paroquial (como que um diretório das igrejas e mosteiros então existentes).
Natureza
A Garganta do Zêzere – integrado no Geopark Naturtejo – encontra-se nas imediações da aldeia (na saída para Cambas). A proximidade deste rio e o ecossistema ribeirinho propicia a presença de algumas espécies de aves de maior porte, como a garça-cinzenta e o corvo-marinho (no outono e no inverno).
Onde fica
A aldeia situa-se no concelho de Pampilhosa da Serra, uma zona repleta de contrastes, constituída ora por vales profundos e tranquilos ora por picos agrestes e rochosos. A povoação fica como que empoleirada numa minúscula colina a que chamam serra do Muradal. É quase uma península existente entre as velozes águas do rio Zêzere.
Janeiro de Cima
Onde o Zêzere assume um papel principal
No núcleo antigo da aldeia, caminha-se sem pressas pelo emaranhado de ruas sinuosas em que as casas se encostam umas às outras, revelando as suas características fachadas em xisto, ponteadas por seixos redondos e brancos. É por aqui que se escondem segredos, como a Casa das Tecedeiras, que reinventam tradições. Em Janeiro de Cima, a arquitetura em xisto apresenta a particularidade de incluir seixos brancos, rolados, provenientes do leito do rio Zêzere. As primeiras casas da aldeia cresceram em redor da Igreja Velha e é dali que saem um conjunto de ruas estreitas e orgânicas, de fisionomia própria, que se vão articular com becos e ruelas, pátios e quelhas, numa estrutura medieval de grande valor patrimonial.
A ver
Igreja Nova
Templo moderno (séc. XX) edificado na então área periférica da povoação, quando a Igreja Velha já se evidenciava sem capacidade para receber todos quantos pretendiam assistir às cerimónias de culto.
Capela do Divino Espírito Santo
Templo com provável fundação no séc. XVI.
Capela de Nª Srª do Livramento
A caminho da Capela de S. Sebastião.
Balcões
Na aldeia há um número significativo de balcões, que testemunham a utilização habitacional do piso superior, enquanto o piso inferior serviria para animais e alfaias.
História
A representação cartográfica de Janeiro de Cima remonta a 1600, mostrando a sua existência no século XV. Alguns elementos construtivos da Igreja Velha e algumas das imagens religiosas aí existentes parecem confirmá-lo. Três edifícios particulares da aldeia, atribuíveis aos séculos XVII e XVIII, atestam a importância da povoação nessa época.
Natureza
É nas imediações da aldeia que se encontra o Geomonumento Meandros do Zêzere, integrado no Geopark Naturtejo.
Onde fica
Janeiro de Cima situa-se no concelho do Fundão (40 km), numa zona plana da margem esquerda do Zêzere, onde termina a vertente noroeste da serra da Gardunha.
A origem do nome
Conta a lenda que, pelo século XVI ou XVII, um senhor possuidor de vastos domínios e pai de dois filhos, ambos com o nome Januário, decidiu dividir por eles as suas posses: um ficou com os domínios da margem direita e o outro com os domínios da margem esquerda. Situação que terá dado origem à designação Janeiro, aplicada às duas aldeias.
Mosteiro
A aldeia que também é uma praia
Tudo nesta aldeia sempre girou em torno da água. Hoje é sinónimo de lazer e a razão perfeita para uma visita prolongada. Principalmente nos dias quentes de verão: Mosteiro goza do privilégio de ter uma praia dentro da povoação. Convidamo-lo não só a visitar mas a mergulhar nesta aldeia. Esta é uma pequena localidade de cariz rural, onde a água e a agricultura são elementos fundamentais que condicionaram positivamente o seu desenvolvimento, possuindo o maior regadio do concelho de Pedrógão Grande. A aldeia do Mosteiro desenvolveu-se na margem direita da ribeira de Pera. Os terrenos férteis situados perto do leito da ribeira promoveram a criação de hortas e moinhos que sustentavam a população da aldeia, que vivia da agricultura. Por isso mesmo, visita obrigatória são os moinhos, as levadas, os lagares e regadios que serviram como infraestruturas-base durante séculos e agora são polos de atração turística.
A ver
Praia fluvial
Tem grandes espaços verdes, uma zona extensa de água e uma pequena cascata com riacho, perpendicular à zona fluvial. Os pinhais e os castiçais são altos e densos, proporcionando sombras bastante frescas e agradáveis.
Restaurante Fugas
Localizado na Praia Fluvial do Mosteiro, um antigo lagar de azeite reconstruído em pedra de forma original é hoje um restaurante. Um espaço acolhedor junto aos recantos da ribeira de Pera.
Natureza
A ribeira de Pera nasce entre o Trevim e o Santo António da Neve, nos pontos mais elevados da serra da Lousã. Em Castanheira de Pera, na Praia Fluvial das Rocas, as suas águas formam ondas. Mais tarde contornarão o Penedo Granada, em frente a Pedrógão Pequeno, e juntar-se-ão às águas do Zêzere na albufeira da barragem da Bouçã. A aldeia concentra-se no fundo de um vale, com uma praia fluvial muito convidativa!
Onde fica
A aldeia de Mosteiro situa-se no concelho de Pedrógão Grande. Está implantada em ambas as margens da ribeira de Pera, mas predomina na margem esquerda.
O vale desta ribeira é um dos principais rasgos na vertente sul da serra da Lousã.
Pedrógão Pequeno
Onde o património arqueológico surpreende
Antiga vila, junto à margem esquerda do Zêzere, está a poucos quilómetros de Pedrógão Grande e da barragem do Cabril. Do seu património destacam-se a igreja matriz e a ponte filipina sobre o Zêzere. Em terras do xisto há um Pedrógão – afloramento de granito – que deu pedra para cantarias de portas e janelas. Em Pedrógão Pequeno o xisto esconde-se sob rebocos alvos. Esta é uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. Para descobrir, a vista do alto do Monte da Senhora da Confiança e a velha estrada que, sobre uma antiga ponte Filipina, nos leva ao Zêzere. É obrigatório provar a sopa de peixe.
Pedrógão Pequeno encerra tesouros arqueológicos que apetece explorar: um troço de calçada romana que conduzia a um ramal de acesso a um castro da Idade do Ferro; uma muralha castreja plena de vestígios ainda por estudar; um conjunto de estelas discoides que podem representar a crença na vida além-túmulo.
Com um património riquíssimo, tem muito para ver: via romana, ponte filipina do Cabril, pelourinho, edifícios particulares de séculos distintos, Cantina Escolar Manuel Ramos e muitos outros pontos de interesse.
A ver
Antigo Hospital da Misericórdia
O edifício teve funcionamento hospitalar mas está hoje em ruínas.
Ponte do Ribeiro
Junto à EN2. É uma ponte de um só arco abatido, mas levemente subido ao centro.
Capelas de Santo António, São Sebastião e Santa Maria Madalena
As duas primeiras anteriores a 1730, a última construída em 1893.
Via-sacra
O circuito das 14 estações encontra-se estabelecido entre o centro da aldeia
e o topo do Monte
da Srª da Confiança. Todas as estações possuem representação da respetiva cena da via-sacra em moderno painel de azulejos.
História
A fundação de Pedrógão Pequeno é atribuída a um cônsul romano de nome Aulio Cursio (150 a.C.).
O domínio romano deixou vários testemunhos, dos quais a antiga ponte sobre o Zêzere.
Natureza
Pedrógão Pequeno está inserido numa extensa mancha xistosa do Centro do País, em posição sobranceira ao profundo vale do rio Zêzere.
Onde fica
Sede de freguesia do concelho da Sertã, Distrito de Castelo Branco, Pedrógão Pequeno estende-se por 4 275 hectares na margem esquerda do Zêzere, no extremo da província da Beira Baixa, próximo do local onde foi construído o paredão da barragem do Cabril.